A Assembleia da Madeira decidiu cortar nas despesas de funcionamento para acudir à situação de “emergência alimentar” na região, apoiando com 7.500 euros duas instituições não contempladas pelo Fundo de Emergência para Apoio Social, criado pelo Governo Regional.
“O Parlamento madeirense decidiu cortar nas despesas de funcionamento e suspender as conferências para fazer face à emergência social e ajudar as pessoas que mais precisam”, disse o gabinete da presidência da Assembleia da Madeira.
A Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) vai afetar um apoio financeiro de 7.500 euros para duas instituições que não foram incluídas no Fundo de Emergência delineado pelo executivo madeirense, nomeadamente o Banco Alimentar que vai receber 5.000 euros e o Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA) com 2.500 euros, “donativos feitos em articulação com a secretaria regional da Inclusão Social e Cidadania”, informou.
O Parlamento insular presidido pelo centrista José Manuel Rodrigues sublinha que esta é uma forma de “evitar a duplicação de auxílios financeiros”
O presidente da ALM afirmou estar “preocupado com o aumento dos pedidos de ajuda das famílias, devido à paragem da economia forçada pela pandemia da covid-19”, enfatizando que as atenções “vão estar centradas nos casos mais urgentes que é preciso acudir”.
José Manuel Rodrigues defendeu ser preciso “proteger os grupos mais vulneráveis, garantindo uma sociedade mais solidária e coesa para o futuro, pois o novo coronavírus vai ter impacto económico e social significativo nos próximos anos”.
No seu entender, esta é “uma competência de quem governa, mas também de uma solidariedade que deve ser prestada por todos”.
“Devido à pandemia e ao estado de emergência, o Parlamento ‘aperta’ no orçamento para ajudar o setor social, cancelando despesas com obras, com equipamento informático e outras rubricas para libertar verbas de forma a apoiar as IPSS [instituições particulares de solidariedade social] que ajudam milhares de famílias”, explicou no documento.
O responsável e o seu gabinete afirmaram que têm reunido e analisado as necessidades sociais que existem em todos os concelhos da Madeira, através dos relatos e das experiências das IPSS que prestam um relevante serviço não só à região como também ao país.
Na quarta-feira, foram ouvidos os responsáveis do Banco Alimentar, da Cáritas Diocesana e CASA, tendo constatado que se regista “um aumento de pedidos de ajuda das famílias a partir de meados de março”, referiu.
“A paragem da atividade económica, o recurso ao lay-off por parte de algumas empresas, e o desemprego são as principais causas desta subida do número de pedidos de apoio por parte das famílias que residem no arquipélago da Madeira”, indicou.
A CASA transmitiu ao parlamento insular que, “devido à pandemia, foram canceladas as campanhas de recolha de alimentos” previstas, o que provocou “uma grande falta de produtos alimentares, para acudir às cerca de 600 famílias que ajudam, ou seja, mais de mil pessoas”.
O mesmo aconteceu com o Banco Alimentar, cuja responsável na região transmitiu que “a situação já é muito má”, até porque a instituição se está a preparar para “acudir a novos cenários”, por causa das pessoas que eram antes apoiadas por IPSS que encerraram.
A Assembleia Legislativa da Madeira também anunciou que vai oferecer 9.000 máscaras cirúrgicas para proteção dos utentes e dos funcionários das casas de saúde, lares de terceira idade e associações que se dedicam à causa social, a partir de segunda-feira, o que representa um investimento na ordem dos 16 mil euros.