Numa conferência de imprensa na sede daquela agência da ONU, Tedros Ghebreyesus afirmou que há “uma grande distância” entre o que a OMS estabeleceu como meta para o programa de aceleração de produção de vacinas e a quantidade de dinheiro que está alocada.
“Embora estejamos gratos àqueles [países] que contribuíram, só temos 10 por cento dos [mais de 100] mil milhões de dólares que serão necessários” apenas para desenvolver e garantir a distribuição equitativa pelo mundo de vacinas que venham a ser criadas, afirmou o diretor geral da OMS.
“Parece e é muito dinheiro” mas mesmo assim “é pouco em comparação com os 10 biliões de dólares que os países do G20 já investiram em estímulos fiscais para lidar com as consequências da pandemia”.
Tedros Ghebreysus defendeu que é preciso acelerar o financiamento do chamado Acelerador-ACT, uma iniciativa da OMS a que aderiram dezenas de países, incluindo Portugal, para agilizar e partilhar os resultados de investigação de vacinas e terapias para o novo coronavírus.
O diretor-geral da OMS afirmou que há “dezenas de terapias” em análise e que a primeira que provou ter resultados contra casos graves da doença – o anti-inflamatório dexametasona – está a ser produzido em maior escala.
Destacou que medidas “fortes e precisas” tomadas por vários países, do Ruanda à França, são o necessário para conseguir conter surtos da doença.
“Todos os testes e tratamentos para a covid-19 são gratuitos no Ruanda, por isso não há barreiras financeiras que impeçam as pessoas de serem testadas. E quando alguém está positivo, fica isolado e os profissionais de saúde vão a todos os potenciais contactos para os testar”, indicou.
“Em França, o Presidente [Emmanuel] Macron decretou o uso obrigatório de máscaras em espaços exteriores com muitas pessoas para responder a um aumento de casos”, acrescentou.
Numa altura de regresso às aulas ou preparação do próximo ano letivo em muitos países, é importante garantir que “alunos, pessoal e professores estão seguros”, o que só se consegue controlando a transmissão do novo coronavírus nas comunidades, apontou.
“Os países que tiveram sucesso estão a usar uma abordagem baseada no risco para abrir setores da sociedade, incluindo as escolas”, salientou.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 731 mil mortos e infetou mais de 19,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.759 pessoas das 52.825 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
C/Lusa