“É muito importante acelerar o processo de investigação em relação à descoberta de uma vacina eficaz, mas não podemos, nesse processo, sacrificar nem a segurança nem a eficácia terapêutica”, declarou Marta Temido na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia.
A ministra indicou que relativamente à vacina Sputnik V, a primeira para a Covid-19 a ser anunciada, “há factos que têm sido referidos, que a fase 3 [de testagem na comunidade] não terá sido, eventualmente, totalmente realizada”.
Por outro lado, “ninguém está disponível para desperdiçar a oportunidade de ter um instrumento que ajude a responder a esta doença”, admitiu.
Marta Temido afirmou que a autoridade portuguesa de regulação dos medicamentos (Infarmed) está “a trabalhar com a Agência Europeia do Medicamento, integrado numa rede competente, capacitada e com todos os meios ao seu dispor para garantir que Portugal está entre os países que terão acesso ao que venha a ser uma vacina eficaz para a Covid-19”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu na terça-feira com cautela a notícia de que a Rússia registou a primeira vacina do mundo contra a Covid-19, sublinhando que deverá seguir os trâmites de pré-qualificação e revisão definidos.
"Acelerar o progresso não deve significar comprometer a segurança", disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, numa conferência de imprensa, acrescentando que a organização está em contacto com as autoridades russas e de outros países para analisar o progresso das diferentes investigações em curso relativamente de vacinas.
A vacina russa, cujo registo foi anunciado terça-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, em reunião com o gabinete de ministros, não estava entre as seis que a OMS disse na semana passada estarem mais avançadas.
A organização com sede em Genebra citou, entre as seis, três candidatas a vacinas desenvolvidas por laboratórios chineses, duas dos Estados Unidos (das empresas farmacêuticas Pfizer e Moderna) e a britânica desenvolvida pela AstraZeneca em colaboração com a Universidade de Oxford.
Segundo Putin, a vacina russa é "eficaz", passou em todos os testes necessários e permite atingir uma "imunidade estável" contra a Covid-19, devendo entrar em circulação a partir de 01 de janeiro de 2021.
Contudo, muitos cientistas, no país e no estrangeiro, questionaram a decisão de registar a vacina antes de os cientistas completarem a chamada Fase 3 do estudo.
Essa fase por norma demora vários meses e envolve milhares de pessoas e é a única forma de se provar que a vacina experimental é segura e funciona.