No contexto desta pandemia, as mentiras e a desinformação sobre saúde pública chegam a muitas mais pessoas e pode ser muito mais lesiva, avisam os investigadores.
Apesar de haver muita informação credível e de qualidade divulgada por agências governamentais e peritos, frequentemente é difícil de compreender e não consegue cativar a sensibilidade popular, tornando-se ineficaz, salientam ainda.
Na sua análise, os investigadores debruçaram-se sobre os vídeos mais vistos e mais relevantes à data de 21 de março deste ano, excluindo os que duram mais de uma hora e os que não eram em inglês e chegaram a 69 exemplares para analisar.
Desses, 72,5 por cento só continham informação factual, sem opiniões, mas 27,5% tinham informação incorreta ou que induz em erro e tinham sido vistos mais de 62 milhões de vezes, cerca de um quarto das visualizações de todos os vídeos analisados, que totalizava 257,8 milhões.
Dos 19 vídeos com má informação, cerca de um terço é da categoria das notícias sobre entretenimento e celebridades e um quarto provém de televisões e de sites da internet.
Vídeos de agências governamentais foram mais bem classificados na correção, utilidade e qualidade do que os de outras fontes, mas não foram os mais vistos.
Entre as incorreções mais frequentes difundidas nestes vídeos estão a ideia de que as empresas farmacêuticas já têm uma cura para a Covid-19 mas não a vendem ou que certos países têm estirpes mais fortes do novo coronavírus.
Recomendações incorretas, difusão de teorias da conspiração e comentários racistas foram outros fatores a fazer descer a credibilidade dos vídeos analisados.
“Isto é particularmente alarmante se tivermos em conta a enorme quantidade de visualizações destes vídeos”, escrevem os investigadores.
Afirmam que “a educação e a atenção do público é muito importante na gestão desta pandemia” porque garantem a compreensão e a adesão às políticas de saúde pública, acrescentam.
Reconhecendo o poder de uma plataforma de partilha de vídeos na Internet como o Youtube, afirmam que é “uma ferramenta educacional com potencial inexplorado que devia ser mais bem utilizada pelos profissionais de saúde”.
Os formatos utilizados pelas fontes oficiais são muitas vezes “estáticos, com orientações publicadas, relatórios estatísticos e infografias que podem não ser tão atraentes ou acessíveis” para o público em geral.
Sugerem aos governos e autoridades de saúde que colaborem com os “influencers” ou com os sites de notícias sobre entretenimento para conseguirem chegar a uma audiência maior e assim contrapor boa informação à desinformação.