O diretor francês da farmacêutica, com sede em Cambridge, no Reino Unido, afirmou que os cidadãos daquele país estarão entre os primeiros a receber as doses, a partir do outono, em declarações à BBC News, citadas pela agência espanhola de notícias Efe.
"Recebemos um pedido do Governo britânico para fornecer 100 milhões de doses da vacina, e essas serão enviadas para os britânicos", referiu Pascal Soriot durante um programa no canal público de televisão.
Na sexta-feira, a universidade de Oxford começou a recrutar mais de 10 mil voluntários no Reino Unido para as novas fases de testes clínicos a uma vacina que está a desenvolver contra a Covid-19.
Depois de, numa primeira fase iniciada em abril, terem sido realizados testes de segurança em centenas de pessoas, as próximas duas fases vão ocorrer em várias partes do país e envolver até 10.260 voluntários com mais faixas etárias, incluindo entre os 5 e 12 anos e mais de 56 anos.
Na primeira fase foram excluídos voluntários mais velhos por pertencerem aos grupos de risco devido a uma mortalidade mais elevada na respetiva faixa etária.
As próximas fases pretendem saber o grau de eficácia da vacina e potenciais efeitos secundários e vai ser dada prioridade a pessoas com maior risco de exposição ao vírus, como profissionais de saúde ou trabalhadores de profissões críticas com atendimento ao público.
O projeto de investigação em curso pela universidade de Oxford recebeu um investimento de 20 milhões de libras (22 milhões de euros) por ter formalizado uma parceria com a farmacêutica AstraZeneca.
Hoje, o diretor Pascal Soriot, disse que o acesso dos britânicos à vacina dependerá do trabalho dos especialistas estar concluído, antes que os níveis de transmissão continuem a baixar.
"A vacina tem de funcionar e essa é uma questão. A outra é, mesmo que funcione, temos de ser capazes de o demonstrar", admitiu.
As declarações de Soriot surgem na sequência das afirmações de um dos responsáveis no projeto que está a desenvolver a vacina, publicadas hoje no jornal The Sunday Telegraph.
O investigador que defendeu que face à redução da taxa de transmissão da Covid-19 na comunidade, os testes em curso poderão ter só 50% de sucesso.
Segundo o professor Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner, se a propagação do vírus for muito lenta, não serão infetados voluntários suficientes e o estudo poderá não demonstrar, definitivamente, e se a vacina é eficaz.
O especialista lembrou que já tinha alertado para a possibilidade, com 80% de sucesso, de ser desenvolvida uma vacina eficaz antes de setembro.
"Mas, no momento, há 50% de chance de não obter resultados. Estamos na estranha posição de querer que o covid-19 permaneça, pelo menos por um tempo. Por esse motivo, os especialistas precisam de avançar o mais rápido possível antes que a doença desapareça para demonstrar que a vacina é eficaz", observou, citado pela EFE.