Entretanto, aterrou um avião proveniente do aeroporto londrino de Gatwick e transportou, no máximo 15 pessoas, seguindo-se outro da easyJet, com um número reduzido de passageiros, alguns dos quais usando máscaras.
Antes de saírem para o exterior, todos os passageiros são triados, com elementos do setor da saúde a medirem a temperatura, preenchem um questionário, sendo uma das perguntas se estiveram em contacto com alguém que possa ser um caso suspeito, e são informados da obrigatoriedade de ficarem em quarentena ou isolamento social.
Entre os passageiros, uma jovem madeirense que estuda na Universidade de Cambridge, Iara Silva, disse à agência Lusa concordar com esta a medida declarada pelo Governo Regional que abrange todos os que chegarem à região desde as 00:00 de hoje.
"É melhor prevenir do que remediar e é uma forma de precaver um mal maior", afirmou, salientando que a Madeira "não tem as mesmas facilidades que outros locais", e referiu que preferiu antecipar o regresso à Madeira "porque é melhor estar com a família do que sozinha no Reino Unido".
A mãe de Iara, Susana Gonçalves, salientou que "estava muito preocupada” com o facto de a filha “estar sozinha num país estrangeiro" e referiu também "concordar com esta decisão" do executivo madeirense "nesta fase inicial em que a Madeira ainda não tem casos de pessoas infetadas".
"Era uma medida necessária para conseguir controlar esta situação. Não é uma solução perfeita, sobretudo por causa do turismo, mas é imprescindível para controlar, porque não há casos da doença na ilha", afirmou, por seu turno, um turista alemão que estava de partida hoje da região, depois de uma semana de férias.
Um outro casal de ingleses chegou à Madeira na sexta-feira e classificou a medida do Governo Regional de "sensata", acrescentando que não está abrangido pela obrigatoriedade da quarentena, o que lhe permite "gozar da beleza da ilha, porque a preferência é a zona rural e costeira", não gostando de "ajuntamentos”.
Dos voos previstos para hoje, a TAP cancelou os dois voos provenientes de Lisboa e Porto logo depois da meia-noite para proteger as respetivas tripulações, evitando que ficassem abrangidos pela quarentena.
Às 12:00, o quadro informativo das chegadas no Aeroporto da Madeira dava também como canceladas as ligações da Lufthansa de Munique, da Binter de Canárias (16:15) e a da TAP 1693, com aterragem às 00:45 de segunda-feira.
Nos cafés do andar das chegadas estavam sobretudo alguns funcionários do aeroporto e polícias. As cadeiras que costumam estar cheias de pessoas a aguardar as suas viagens ou à espera alguém estavam completamente vazias e imperava o silêncio em vez do burburinho característico do movimento de um aeroporto de uma ilha que tem o turismo como o principal setor económico.
No sábado, o presidente do Governo Regional da Madeira decretou que todos dos passageiros que aterrem nos aeroportos da Madeira e Porto Santo ficam em situação de quarentena e isolamento social obrigatório a partir das 00:00 de hoje, uma medida que será fiscalizada pelas forças de segurança.
O novo coronavírus foi detetado pela primeira vez em dezembro, na China, e já provocou mais de 5.700 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassa agora os 154 mil, com registo de casos em 139 países e territórios.
Em Portugal, o número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, subiu hoje para 245, mais 76 do que os contabilizados no sábado, e os casos suspeitos são agora 2.271.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), dos 2.271 casos suspeitos, 281 aguardam resultado laboratorial.
Há ainda 4.592 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, menos do que no sábado (5.011).
Na Madeira foram registados 17 casos suspeitos, 15 deram negativo e dois aguardam o resultado das análises.
C/Lusa