Apesar de considerar que é prematuro fazer quaisquer previsões no momento atual, o Presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) fala em esperança, que vai depender da abertura dos aeroportos e companhias aéreas.
"Como é que vai ser o verão? Como é que vamos lidar com isto? Tudo vai depender de quando é que abrem as companhias aéreas, de quando é que abrem os aeroportos, e quando é que abrem, mas nos dois sentidos", começou por responder Francisco Calheiros à Lusa.
"Tem que ser um dia de cada vez. É cedo. Ainda temos o mês de maio todo, o mês de junho só costuma ser relevante em termos de férias de verão na segunda quinzena, e vamos acreditar que isto vai correr bem, e que – independentemente de na nossa opinião o ano de 2020 ir ser o ano do turismo nacional – ainda pode ser que tenhamos qualquer coisa [dormidas e hóspedes de estrangeiros] durante este verão", afirmou.
Esperança que, reforça, só será concretizada se as viagens forem permitidas de dois lados. Por exemplo, Portugal pode ter a TAP a voar, os aeroportos nacionais em atividade, "mas se Inglaterra estiver fechada, não vai adiantar nada", os turistas britânicos não chegarão a Portugal.
Por isso, "mercado interno sim, mas esperança que ainda seja mais qualquer coisa. Faltam mais de dois meses para julho", disse, mas reforçando que "é só esperança", que ninguém se pode pôr nesta altura "a adivinhar", até porque a situação ainda exige "muita cautela" e se há muita gente junta "é num avião e num aeroporto", acrescentou quando confrontado com o pedido que chegou de Bruxelas.
Em 29 de abril, a Comissão Europeia pediu aos Estados-membros para levantarem restrições às viagens na União Europeia (UE) “o mais rapidamente possível”, de forma a permitir a retoma do turismo europeu, estimando perdas de faturação de 50% devido à pandemia.
“De forma a permitir que o turismo seja retomado, o colégio [de comissários] considera que as restrições às viagens devem ser levantadas o mais rapidamente possível, evitando discriminações com base nas nacionalidades e tendo em conta os desenvolvimentos epidemiológicos”, declarou a Vice-presidente da Comissão Europeia Věra Jourová, responsável pelas pastas dos Valores e Transparência, em Bruxelas, na altura.
Bruxelas debateu os impactos da Covid-19 no turismo e a responsável precisou que “este ecossistema pode perder até 50% da sua faturação em 2020”, sendo que é um dos setores que mais pesa no Produto Interno Bruto (PIB) europeu, num total de 10%, representando 27 milhões de empregos diretos e indiretos.
Frisando que “é óbvio que não deve haver discriminação por nacionalidades e seleção de quem pode entrar no país e de quem não pode”, no período pós-pandemia, Věra Jourová indicou que “os serviços da Comissão estão a trabalhar em diretrizes concretas” para o setor do turismo, nomeadamente no que toca aos transportes, orientações que serão divulgadas nos próximos dias e a pensar no próximo verão.
“Estas diretrizes são necessárias para permitir que os operadores de mercado, especialmente as pequenas e médias empresas, se prepararam para o momento em que as restrições forem, gradualmente, levantadas”, apontou a Vice-presidente do executivo comunitário.
E, de acordo com a responsável, “há zonas [da Europa] mais afetadas do que outras, com particular impacto no sul”, incluindo países como Portugal, Espanha e Itália.
Com o turismo europeu estagnado devido às medidas restritivas adotadas pelos Estados-membros da UE para tentar conter a propagação da pandemia (incluindo limitações nas viagens entre países), este é um dos setores mais afetados pela Covid-19, sendo estimada uma queda de 39% nas viagens de turismo para toda a Europa em 2020, comparando com o período homólogo anterior, o equivalente a menos 287 milhões de chegadas internacionais, segundo um estudo da Oxford Economics.
Assumindo que a Covid-19 afeta o turismo europeu durante oito meses, entre alturas de confinamento e de levantamentos faseados das restrições, esta entidade prevê que Portugal seja um dos mais afetados pela paragem no setor, nomeadamente por ter 16,5% do PIB nacional afetado direta ou indiretamente pelos serviços turísticos.
De acordo com a Oxford Economics, em Portugal deverão registar-se menos sete milhões de entradas internacionais este ano, em comparação com 2019, o equivalente a uma queda de 40%.
C/Lusa