Trata-se de um estudo preliminar focado no cenário brasileiro e publicado na plataforma Medrxiv, mas que ainda não foi revisto por outros cientistas, nem aprovado por revistas especializadas.
O estudo apontou que a CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, teve uma eficácia média de 42% contra a Covid-19 "no cenário de mundo real", ou seja, em relação à proteção da vacina quando esta é aplicada em massa na população e fora do ambiente controlado de um teste clínico.
O levantamento avaliou o desempenho do imunizante em idosos com 70 anos ou mais, vacinados no estado de São Paulo entre janeiro e o final de abril, período em que a variante P.1, originária do Amazonas, já era predominante na região.
O estudo concluiu que uma proteção mais completa contra a doença só ocorre 14 dias após a aplicação da segunda dose e que a imunidade adquirida diminui à medida que aumenta a idade dos infetados.
Considerando os 14 dias após a segunda dose, a eficácia foi de 61,8% entre os 70 e 74 anos, 48,9% em pessoas com idades compreendidas entre os 75 e 79 anos, e com 80 anos ou mais a eficácia caiu significativamente para 28%.
O trabalho mostra ainda que o imunizante, o mais usado no Brasil no Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19, não confere nenhuma proteção com apenas uma dose, num momento em que grande parte dos vacinados no Brasil ainda não completaram a dosagem prevista.
O país, com 212 milhões de habitantes, utiliza as vacinas Coronavac, que responde por quase 80% da vacinação, e a Covishield, da anglo-sueca AstraZeneca e da Universidade Oxford, numa associação com a estatal brasileira Fiocruz.
As primeiras doses importadas da vacina Cominarty, do consórcio Pfizer-BionTech, também começaram a ser aplicadas em menor escala.
Até sexta-feira, a primeira dose de vacinas usados no país já foi aplicada em 41.578.892 cidadãos, o que corresponde a 19,64% da população do país. Já a segunda dose chegou a 20.436.637 pessoas, o equivalente a 9,65% da população, segundo um consórcio formado pela imprensa local.
O estudo foi realizado pelo grupo Vebra Covid-19, e reuniu, na maioria, investigadores brasileiros, mas também de outras nacionalidades, de instituições científicas como da fundação estatal brasileira Fiocruz e do Instituto Global de Saúde de Barcelona.
O projeto teve o apoio financeiro da Organização Panamericana da Saúde (Opas).
Questionado pelo jornal O Estadão acerca dos resultados do estudo, o Instituto Butantan indicou que a Coronavac "mostrou-se segura e eficaz, com indicação de uso para toda a população adulta, incluindo os idosos".
A instituição científica acrescentou que a vacina "não é barreira para a infeção pelo vírus Sars-Cov-2, mas reduz expressivamente o risco de uma pessoa ter a doença causada pelo vírus, evitando, sobretudo, quadros graves, hospitalizações e mortes".