“Nesta Venezuela que estamos vivendo hoje em dia toda a ajuda é pouca (…) a nossa comunidade está bastante necessitada”, disse o conselheiro.
Fernando Campos falava à Agência Lusa, quarta-feira, à margem da assinatura de um protocolo de colaboração entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal (MNE), a Fundação “Nova Era Jean Pina” e a Federação Iberoamericana de Luso-descendentes, para distribuir cabazes de Natal a luso-venezuelanos carenciados.
“Temos que dar continuidade a este tipo de iniciativas, também localmente, de tratar que outras comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo possam ajudar esta comunidade que tanto precisa agora”, disse o conselheiro.
Fernando Campos recordou que durante muitos anos, os portugueses da Venezuela “ajudaram outras comunidades no estrangeiro quando foi necessário”, e “aos próprios portugueses que estavam em Portugal”.
Sobre o protocolo assinado explicou que “realmente a nossa comunidade está bastante necessitada” e “com a situação tão difícil que estamos a viver, significa levar um bocadinho de alegria, para que possam ter um Natal um bocadinho mais alegre”.
“O Estado e o Governo português estão empenhados em que estes apoios sejam recorrentes (…) também a comunidade portuguesa na Venezuela que deu mostras de ser sempre muito solidária continuará, apesar das dificuldades, a ajudar aquela comunidade que mais necessita e que é menos visível, porque é mais fácil ver os que estão bem que ver os que estão mal”, disse Fernando Campos.
O conselheiro explicou que “depois da 2.ª Guerra Mundial e com o auge da produção do petróleo, a Venezuela foi um país que teve um crescimento muito grande, que precisava muito de mão de obra especializada, de pessoas que viessem de fora para ajudar”.
“Os portugueses vieram ajudar no crescimento da Venezuela, mas hoje em dia estamos numa situação muito difícil do ponto de vista social, económico e político. Deixou de ser atrativo vir para a Venezuela e hoje temos um fenómeno inverso, as pessoas estão a ir embora, muitas para Portugal e outros países periféricos à procura de novas oportunidades”, disse.
O conselheiro explicou ainda que atualmente “é muito difícil começar de novo, como começaram os portugueses daquela época, praticamente sem nada”.
“Quem tem uma certa estabilidade económica, que trabalhou durante muitos anos, tem uma capacidade de aguentar diferente, mas para começar de novo, neste momento, na Venezuela, não há oportunidades”, disse.
No entanto, frisou, “a grande maioria da comunidade portuguesa, quer continuar a viver na Venezuela”.
Por outro lado, Jany Moreira, que assinou o protocolo de colaboração em nome da Federação Iberoamericana de Luso-descendentes, agradeceu a disponibilidade do Governo de Portugal e da Fundação Nova Era Jean Pina para apoiar o programa local LusoAjuda.
“A LusaAjuda é um programa que reverte na parte social para as pessoas mais carenciadas da nossa comunidade (…) e pela primeira vez vamos entregar, neste Natal, 200 cabazes com produtos próprios da nossa tradição portuguesa entre eles o bacalhau e o bolo rei”, disse.
Jany explicou que os cabazes vão beneficiar entre 800 e 1000 pessoas, com “um cheirinho de Portugal na quadra natalícia.
“A Venezuela era um país maravilhoso na parte económica social e até política, mas hoje temos constrangimentos na parte social e económica, que fazem que portugueses e lusodescendentes não tenham nem sequer a possibilidade de comprar um quilo de bacalhau para passar a consoada do Natal”, explicou.