“Cerca de 2.500 pessoas saíram do concelho” desde que se iniciou, a 19 de março, a crise que já registou mais de 1.700 sismos de fraca magnitude e que não provocaram danos, disse à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal das Velas.
Segundo Luís Silveira, cerca de 1.500 habitantes saíram, por via marítima e aérea, para outras ilhas dos Açores, a maioria dos quais para o Pico e Faial, mas também para a Terceira e São Miguel, onde ficam em casas de familiares e amigos.
Os restantes optaram por ir para o concelho da Calheta, considerado pelos especialistas que estão a acompanhar a crise como mais seguro.
A redução de movimento na vila das Velas tem sido gradualmente notória na última semana, onde já se verifica muitos estabelecimentos comerciais e restaurantes encerrados, uma situação que ficou ainda mais evidente pela chuva quase constante que tem caído na ilha de São Jorge.
Entre as pessoas que saíram das Velas por precaução, estão cerca de 80 idosos da Casa de Repouso João Inácio de Sousa, uma das principais instituições sociais de São Jorge, 60 dos quais acolhidos temporariamente, desde quinta-feira, na Pousada da Juventude da Calheta.
Estes idosos foram transferidos por precaução, tendo em conta que apresentam dificuldades de mobilidade, estando mesmo alguns acamados, explicou à Lusa o autarca Luís Silveira, que acompanhou o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro (PSD), numa visita a estes utentes.
Em declarações aos jornalistas, o presidente do executivo açoriano salientou as “boas condições em que estes idosos institucionalizados” foram acolhidos, manifestando-se “muito satisfeito” com a solução encontrada.
“Funcionou tudo muito bem”, salientou José Manuel Bolieiro, que sublinhou que essa foi uma “deslocalização tranquila, preparada e com boa acomodação dos idosos”, também a cargo dos técnicos da instituição, que estão “a trabalhar mais de 18 horas por dia muitas vezes”.
Relativamente ao regresso dos idosos ao concelho de Velas, José Manuel Bolieiro adiantou que “não há prazo” e assegurou que o Governo está a agir com base “no melhor conhecimento que a ciência” garante numa crise sísmica como a que está a ocorrer nos últimos dias.
É uma avaliação “ao segundo” da situação, disse o presidente do Governo, para quem, depois de uma semana de crise, a ansiedade inicial da população “ainda permanece”.
Mais de 12.700 sismos foram registados na ilha de São Jorge, no âmbito da crise que se iniciou em 19 de março, mais do dobro de todos os sismos registados no arquipélago em 2021, dos quais cerca de 187 foram sentidos pela população, mas sem causar danos.
A informação foi avançada hoje pelo presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), após o briefing diário das autoridades regionais e locais, que decorreu na vila das Velas.
A crise sismovulcânica em São Jorge iniciou-se às 16:05 de dia 19, tendo o sismo mais energético ocorrido nesse mesmo dia às 18:41 com uma magnitude de 3,3 na escala de Richter.
Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.
Lusa