“É expectável que a administração de uma dose de reforço às pessoas com 40 ou mais anos de idade, priorizando os mais velhos, às pessoas com comorbilidades e aos profissionais de saúde (…) diminua a previsível pressão sobre os serviços de saúde associada à antecipada propagação da variante de preocupação Ómicron”, refere o parecer da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 (CTVC) sobre o alargamento do reforço da vacina.
Os dados indicam que a 15 de dezembro de 2021, os maiores de 40 anos representavam 94,5% dos doentes internados em enfermaria e 93,4% dos internados em cuidados intensivos.
“Nesta fase, é premente manter a maximização da vacinação das pessoas definidas na estratégia de reforço vacinal e estender a vacinação com doses de reforço a quem mais dela puder beneficiar”, lê-se no documento publicado no ‘site’ da DGS.
Para a CTVC, o cenário de crescimento epidémico antecipado com o surgimento da Ómicron justifica a adaptação da dose de reforço, “com prioridade para as pessoas mais vulneráveis, também em linha com as recomendações do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC)”.
Os estudos publicados demonstram, segundo a CVTC, “um claro benefício da vacinação contra a covid-19 com dose de reforço para as pessoas com 40 ou mais anos de idade e das pessoas dos 18 aos 39 anos com comorbilidades, pelo que a vacinação destas pessoas é fortemente recomendada, no atual contexto epidemiológico”.
Com a vacinação destes grupos estima-se a redução de mais de 90% do número de pessoas hospitalizadas por covi-19, assumindo-se uma adesão elevada à vacinação com dose de reforço.
Quanto à população mais jovem, “os dados e a evidência disponíveis são mais incertos relativamente à magnitude do benefício com a vacinação das pessoas com menos de 40 anos sem comorbilidades, especialmente por não ser possível antecipar o impacto da vacinação destas faixas etárias na evolução da situação epidemiológica com predominância da variante Ómicron”, adianta.
A administração da dose de reforço aos grupos definidos nesta estratégia começou em dia 11 de outubro, tendo-se alcançado a 15 de dezembro uma cobertura vacinal de 85% nos maiores de 80 anos e de 79% nos 70/79 anos.
“Os estudos de efetividade vacinal são unânimes em mostrar que as vacinas protegem contra doença grave e morte e que, essa proteção, é razoavelmente estável ao longo do tempo”, refere.
Pode, contudo, diminuir ao longo do tempo, tendo em conta a idade e a presença de múltiplas doenças.
“O risco de morte por covid-19 aumenta com a idade de forma muito evidente”, sendo que o grupo dos maiores de 85 anos tem um risco de morrer 10 vezes superior ao grupo dos 18-39 anos.
Nas últimas semanas tem-se verificado um agravamento da situação epidemiológica, que reflete um aumento do número de novos casos em crianças dos 6-11 anos e de adultos até aos 70 anos, não sendo verificado acima desta idade, provavelmente, pelo reforço vacinal.
“Apesar de ainda não serem conhecidos dados sobre a gravidade clínica da covid-19 por Ómicron nem a capacidade de proteção do esquema vacinal primário/reforço contra a doença grave causada por esta variante, considera-se que as vacinas mantêm proteção contra doença grave, mesmo para a variante Ómicron”, acrescenta.