Em declarações aos jornalistas à margem da conferência “Abuso Sexual de Crianças: Conhecer o Passado, Cuidar do Futuro”, organizada pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, o pedopsiquiatra Pedro Strecht referiu que “já foram enviados 16 [casos para o Ministério Público], mas em breve seguirão mais”, manifestando a expectativa de uma atuação célere da justiça.
“Já manifestei o desejo de celeridade da resposta da justiça portuguesa. Nem sempre é aquele que desejamos, mas neste caso é muito importante chegarmos ao final do trabalho, apresentarmos o relatório e, mesmo que seja preciso algum tempo, as pessoas sentirem que no aspeto de uma justiça reparadora aconteceu algo. Enquanto coordenador da comissão, não desejo chegar ao final destes trabalhos, decorrer algum tempo que ainda possamos achar justo e, depois, ser confrontado com uma total ausência de respostas jurídicas”, explicou.
Pedro Strecht disse esperar “que isso não vá acontecer”, realçando o “material que já foi enviado”, mas também aquele “que muito em breve será enviado” e outras descobertas que possam ainda ser feitas ao longo do trabalho da Comissão Independente.
Num balanço dos primeiros três meses de trabalho, feito no passado dia 12 de abril, o antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, que integra igualmente a Comissão, precisou que entre os 290 testemunhos até então validados, 16 ainda não prescreveram e, por isso, foram remetidos ao Ministério Público. Hoje, a comissão anunciou que há 326 depoimentos de vítimas recolhidos.
As denúncias e testemunhos podem chegar à comissão através do preenchimento de um inquérito ‘online’ em darvozaosilencio.org, através do número de telemóvel +351917110000 (diariamente entre as 10:00 e as 20:00), por correio eletrónico, em geral@darvozaosilencio.org e por carta para "Comissão Independente", Apartado 012079, EC Picoas 1061-011 Lisboa.
A comissão integra ainda a investigadora e socióloga Ana Nunes Almeida, o psiquiatra Daniel Sampaio, a assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares e a realizadora Catarina Vasconcelos.
Lusa