"Temos a salientar o clima de paz que se vive na região com os enfermeiros e o clima de diálogo e concertação social para chegar a acordo por parte da tutela", disse o presidente da delegação, Laurindo Pestana, em conferência de imprensa no Funchal, sublinhando a abertura do Governo Regional na "procura de plataformas de entendimento".
O responsável explicou que o Sindepor apresentou um projeto de Acordo de Empresa à Secretaria da Saúde com o objetivo de criar uma carreira de enfermagem na região autónoma e "desbloquear o impasse que se vive ao nível nacional", nomeadamente ao nível do descongelamento e progressão da carreira.
"Temos agendada, para breve, uma reunião com o secretário regional da Saúde para termos resposta à nossa proposta", disse Laurindo Pestana, realçando que "as expectativas são altas", já que o executivo estabeleceu recentemente um acordo semelhante com os professores.
Nesse caso, cerca de 6.000 docentes com vínculo à administração pública da Madeira vão recuperar o tempo de serviço congelado, num total de nove anos, de acordo com um decreto legislativo que entrou em vigor em 01 de janeiro. O processo representa um investimento de 28 milhões de euros, distribuídos pelos orçamentos regionais dos próximos sete anos.
"Não queremos ficar mais 15 anos a aguardar para sermos equiparados às outras classes que exercem funções na função pública", disse o sindicalista, considerando que o custo do descongelamento da carreira seria "irrisório", pois a região autónoma conta apenas com cerca de 1.700 enfermeiros.
Laurindo Pestana avisou, no entanto, que a classe está "mobilizada, revoltada e disponível para todas as formas de luta", incluindo a "greve cirúrgica", caso as suas "justas reivindicações" não sejam atendidas.
A "greve cirúrgica", que decorre em dez centros hospitalares do país até ao final de fevereiro, foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros e levou o Conselho de Ministros a decretar na quinta-feira uma requisição civil, alegando incumprimento da prestação de serviços mínimos.
Entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018, uma primeira "greve cirúrgica" decorreu em blocos operatórios de cinco centros hospitalares, tendo levado ao adiamento de mais de 7.500 cirurgias.
As duas greves foram convocadas após um movimento de enfermeiros ter lançado recolhas de fundos numa plataforma ‘online’ para financiar as paralisações, num total de 740 mil euros.
Segundo os sindicatos, os principais pontos de discórdia são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base dos enfermeiros.
C/LUSA