“O Presidente [Volodymyr Zelensky] está à espera do chanceler [alemão] para a tomada de decisões práticas imediatas, incluindo a entrega de armas”, explicou o assessor, Oleksiï Arestovitch, em declarações ao canal público de televisão alemã ZDF.
O destino de Mariupol e da população do leste do país “depende das armas alemãs que poderão ser entregues, mas que ainda não chegaram”, sublinhou, lamentando que as conversações com Berlim tenham começado “com uma recusa” alemã de “discutir o fornecimento de armas pesadas”.
Berlim já entregou armas defensivas à Ucrânia, mas Olaf Scholz está sob pressão há vários dias, mesmo dentro da sua maioria parlamentar, para autorizar o envio de equipamento ofensivo, em particular veículos blindados.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia, duas das figuras com mais peso no Governo, pediram ao chanceler que se pronuncie a favor dessas entregas.
“Cada minuto que passa sem chegar nenhum tanque, morrem mais das nossas crianças, violadas ou torturadas”, afirmou Aresovitch.
As autoridades alemãs “viram as terríveis imagens" do conflito, que, segundo o assessor, lembram a destruição de Berlim em 1945: “o que o exército russo está a fazer na Ucrânia não é diferente”.
Estas declarações surgem num contexto de tensão entre a Alemanha e a Ucrânia, após o Presidente Zelensky ter recusado, na terça-feira, receber o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que queria ir a Kiev com as delegações da Polónia e dos países bálticos.
O chefe de Estado alemão é criticado pela estratégia diplomática de reaproximação à Rússia quando foi ministro dos Negócios estrangeiros de Angela Merkel.
A Rússia do Presidente Vladimir Putin está a concentrar os seus ataques na cidade de Mariupol, um porto estratégico no mar de Azov cercado há mais de 40 dias e onde já foram contabilizadas milhares de vítimas civis.
Os presidentes da Polónia, Lituânia, Letónia e Estónia vão hoje a Kiev para se encontrarem com Zelensky e “mostrar forte apoio ao povo ucraniano”, com referiu o Presidente da Estónia, Alar Karis, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.