"O nosso grande objetivo é trazer estas pessoas para a visibilidade e também trazer esta discussão para o espaço público, porque no espaço público podemos certamente discutir estes assuntos de uma forma séria, rigorosa, sem preconceitos e discriminações", disse Emanuel Caires, um dos responsáveis da Rede Ex Aequo na Região Autónoma da Madeira.
A Marcha do Orgulho LGBTI surge integrada num conjunto de iniciativas sob o lema "Viver na Diversidade", onde se conta um arraial que decorre neste momento no Jardim Municipal, no centro da capital madeirense.
"Esta é a primeira marcha e o primeiro arraial assumidamente LGBTI e para o ano vamos estar cá novamente com uma iniciativa do género, para que este trabalho seja contínuo", afirmou Emanuel Caires, realçando que, na Madeira, as questões relacionadas com o género e as opções sexuais "não são muito visíveis".
O responsável denunciou, por outro lado, a existência de pressões "sociais, laborais e culturais" que, depois, resultam "invisibilidade" e no "isolamento" das pessoas.
"Na Rede Ex Aequo, temos um projeto, que é o projeto de Educação LGBTI, onde temos denúncias sobre factos que acontecem na Madeira, onde jovens LGBTI em ambiente escolar são vítimas de discriminação homofóbica, bifóbica e transfóbica", disse, sublinhando que o mesmo ocorre em estabelecimentos noturnos.
A primeira Marcha do Orgulho LGBT no Funchal contou com a participação de muitos jovens, que percorrem algumas ruas do centro da cidade, entre o Largo do Município e o Jardim Municipal, empunhando bandeiras com as cores do arco iris, cartazes com dizeres anti discriminação e gritando palavras de ordem como "Nem menos, nem mais, direitos iguais" e "Sim, sim, sim, somos assim".
Jade Santos, um dos jovens que integrou o desfile, envergando um vestido verde, revelou que ainda sente "muita discriminação" por ser transsexual e considerou que tal resulta, sobretudo, do "medo" e da "falta de informação" que persiste na sociedade madeirense.
"Mas já está a mudar. O progresso já está a chegar", salientou.
O evento organizado pela Rede Ex Aequo, com a designação geral de Funchal Pride, conta com a participação da Associação Abraço, a APF – Associação para o Planeamento da Família, a Fundação Portuguesa "A Comunidade Contra a Sida" e o grupo Mad le’s Femme.
A Câmara Municipal do Funchal também deu apoio à iniciativa, bem como o projeto de investigação INTIMATE, sediado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Na primeira Marcha do Orgulho LGBTI do Funchal, participaram ainda elementos da UMAR – União Alternativa de Mulheres e Resposta, da Opus Gay e do NAIF – Núcleo da Amnistia Internacional do Funchal.
"Em Portugal, nestes últimos anos, a mentalidade tem mudado muito, sobretudo com a malta nova. As pessoas da minha idade ainda estão muito no armário", disse o presidente da Opus Gay, António Serzedelo, vincado que a marcha LGBTI não é "propaganda à homossexualidade", mas apenas uma forma de "dizer que deve ser tratada em termos igualdade com a heterossexualidade, com a bissexualidade ou com quem quer ser virgem", porque todas as situações são "respeitáveis".
LUSA