Agnes Flora Gomes, oriunda da arquidiocese de Chottogram, no Bangladesh, faz parte da comunidade católica, que representa dois por cento da população bengali, uma realidade que diz ser um desafio num país esmagadoramente muçulmano.
Desde a chegada dos portugueses ao Bangladesh no século XV, que por lá instituíram o catolicismo e deixaram os apelidos — "da Silva, Fernandes, Gomes, Pereira, de Sousa" -, os bengalis católicos mantiveram as tradições católicas.
"Os meus pais são tão crentes que o meu pai vai à missa da manhã e a minha mãe à da tarde", ilustrou à Lusa.
Agnes confessou que viajou para Portugal com o intuito de ver o Papa Francisco, que estará no país entre quarta-feira e domingo, mas aqui conheceu a "linguagem do amor e de Deus", o que a fez mudar a sua mentalidade: "Quero levar esta fé para o meu país".
O brasileiro Micael Pereira repete a experiência como voluntário na JMJ, depois de, no evento do Rio de Janeiro, em 2013, ter recebido "o chamado (apelo) da vida missionária". No seu país, é fisioterapeuta e trabalha com pessoas com deficiência e nesta Jornada dedica-se a apoiar os cerca de 1.500 peregrinos com diferentes tipos de deficiência.
A este evento, disse trazer "o legado" do seu irmão, também deficiente e falecido no ano passado.
"Abri mão de tudo para viver os planos de Deus: da minha casa, da minha família, dos meus pais. Quero ser a voz de Deus para que outras pessoas se encontrem com Deus e também atendam a esse chamado missionário como eu", comentou.
O padre Pierre Paul Anani, original do Togo, veio na esperança que os jovens se "abram e sintam a presença de Cristo" e que façam amizades com participantes de outros países.
"Essa amizade salvará a nossa terra", entendeu.
Pierre Paul Anani assumiu que o espírito que já se sente na JMJ é mágico, sobretudo pela generosidade, pela diversidade, pelos sonhos e projetos comuns.
O iraquiano Saad Khoram participa pela quarta vez numa Jornada Mundial da Juventude. "O mais difícil é ter um visto, por causa da situação do meu país, com guerras e terror desde há muito tempo", comentou.
Os cristãos, relatou, são um por cento da população total. "A maioria fugiu, principalmente depois de 2014, quando o (grupo extremista) Estado Islâmico atacou a nossa aldeia (Shaqlawa, Erbil). Felizmente, está a ficar um pouco melhor agora", descreveu.
Sobre esta jornada, Saad espera que seja uma oportunidade para "fortalecer a fé e aproximar (as pessoas) de Jesus".
Já Mariam Asham, a viver no Cairo, Egito, decidiu vir à JMJ por causa de um amigo que lhe disse que a experiência seria "magnífica".
A estudar fisioterapia, a voluntária assumiu que a sua maior curiosidade é perceber e ver como milhares de jovens vivem a sua fé, cultura e tradições.
"Penso que esta experiência vai fortalecer a nossa fé e diminuir as limitações culturais", disse.
Por seu lado, Luís Pina veio propositadamente da Venezuela para encontrar "Deus jovem vivo e viver a experiência da JMJ".
"Viver esta experiência tem sido uma bênção, estar aqui a partilhar a fé com outros jovens tem sido uma bênção, assim como tem sido uma benção aprender a servir os outros", sublinhou.
Lembrando que naquele país apenas 10% da população é católica, o voluntário assumiu que a sua grande motivação é "encontrar Deus vivo".
Carolina Durães, de Braga, quis participar na JMJ para mostrar Portugal, a sua cultura e hábitos, mas também porque quis procurar "um acompanhamento" para a sua fé, porque por vezes se sentia "sozinha". Neste evento, relatou, tem encontrado outros jovens que relatam o mesmo.
"Aqui, juntos, poderemos crescer na fé e sair daqui com uma fé ainda maior e levá-la aos outros. Este sorriso na cara, esta alegria de quem tem Deus em si é tão grande que não cabe dentro de nós e temos de a passar aos outros", comentou.
Este evento, sublinhou, é "feito pelos e para os jovens".
"Temos a voz da mudança. Quem melhor do que nós, o futuro, para mudar o mundo?".