Na homilia da missa dominical na Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário Fátima, no dia em que a Igreja assinala o V Dia Mundial dos Pobres, Carlos Cabecinhas afirmou que a pandemia, os conflitos, as “alterações climáticas que põem em causa o futuro das gerações vindouras, as desigualdades e as catástrofes, os milhões de refugiados e migrantes, os milhões de pobres que vivem sem o mínimo de subsistência ou condições de dignidade ou os abusos e a falta de união dentro da Igreja” são “sinais de Deus” que “provocam” e “exigem uma ação concreta dos cristãos”.
“Em vez de nos lamentarmos sobre o estado do mundo somos convidados a fazer o bem”, afirmou Carlos Cabecinhas, citado na página do Santuário de Fátima na Internet, confrontando os peregrinos presentes na celebração: “Como podemos fazer? Podemos melhorar alguma coisa, façamos isso. Podemos melhorar alguma coisa à nossa volta, façamos isso. Não nos refugiemos na desculpa de que está tudo mal. Se fizermos alguma coisa no sentido do bem o mundo já ficou melhor”.
“Façamos o pouco que está ao nosso alcance em vez de usarmos isso como desculpa para a nossa inação”, acrescentou, exortando: “Procuremos discernir no tempo que nos foi dado a viver como dom o que podemos fazer de bem”.
A Igreja celebra hoje em todo o mundo o V Dia Mundial dos Pobres com um alerta especial do Papa Francisco para as consequências sociais e económicas da pandemia e o pedido de uma nova abordagem na luta contra a pobreza.
“A pandemia continua a bater à porta de milhões de pessoas e, mesmo quando não traz consigo o sofrimento e a morte, é portadora de pobreza. Os pobres têm aumentado desmesuradamente e o mesmo, infelizmente, continuará a verificar-se ainda nos próximos meses”, escreveu Francisco no texto da mensagem que tem como tema “Sempre tereis pobres entre vós”, inspirado numa passagem do Evangelho segundo São Marcos.
Segundo a informação disponibilizada pelo Santuário de Fátima, a mensagem deixa alertas para o interior da Igreja Católica, destacando que os pobres não são pessoas “externas” à comunidade, mas “irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social”.