Foi no dia 11 de maio de 1992 que Bobi nasceu em Conqueiros, uma aldeia do concelho de Leiria. Em casa já havia vários cães e, naquela época, o destino da ninhada era a morte, conta Leonel Costa, 38 anos.
Bobi, com pelo cor de mel, ficou camuflado no meio da lenha e escapou ao mesmo fim dos seus três irmãos. Quando se apercebeu que tinha sobrado um cão, o seu tutor escondeu-o, o que lhe valeu um valente ralhete quando descoberto pelos pais. "Mas valeu a pena", contou hoje à Lusa, enquanto aguardava por cerca de uma centena de convidados, muitos de vários pontos do mundo.
"Foi aqui que o Bobi sempre viveu e quisemos que a festa de aniversário fosse no seu espaço. Não vou alterar nada. Só tratei que ficasse tudo mais bonito e garantir que o Bobi tivesse os seus pratos favoritos", revelou à Lusa.
Por isso, na ementa de hoje não faltou a dourada e o porco no espeto. "Só não gosta de esparguete à bolonhesa."
Desafiado pelo Guinness a realizar uma festa, Leonel Costa exigiu que fosse em casa. "Não pôde ser no seu dia de aniversário, porque alguns veterinários estrangeiros queriam estar presentes e não podiam vir na quinta-feira", explicou, ao admitir que terá gasto cerca de 1000 euros na festa.
"Pelo Bobi vale tudo. Ele merece. Se não fosse o Guinness tinha realizado uma festa só para os amigos, mas assim vieram pessoas de todo o mundo. Tenho pessoas inscritas para conhecer o Bobi até junho", confessou, ao elogiar aquele que considera um ‘filho’: "O Bobi é um anjo. Não é um cão nada protetor. Se alguém entrar em casa, ele deixa. É muito sociável, é um doce e adora animais e pessoas."
Até 2018, sempre foi um cão saudável. Nessa data, Leonel teve um susto. "Esteve mais de um mês e meio internado devido a um AVC (acidente vascular cerebral). Pensei que não ia resistir, mas os bons veterinários ajudaram-nos e superou", disse.
A idade está a deixá-lo com os problemas típicos de um idoso e já realizou exames para confirmar o cenário da síndrome de cushing, uma doença que faz que com os órgãos deixem de funcionar corretamente.
Bobi não tem descendentes, pelo que Leonel Costa vai recorrer à inseminação artificial para garantir a continuidade da linhagem. "Dada a idade já não conseguirá através do método natural. Guardámos o sémen para inseminar numa cadela que não esteja castrada", revelou o dono.
Bobi inscreveu o seu nome no Guinness World Records como o cão mais velho do mundo e de sempre no ano passado, num processo longo e burocrático. Foram dois recordes que surpreenderam os veterinários de todo o mundo.
No dia da festa, o bolo de aniversário não faltou, assim como os diplomas do Guinness. A comunicação social portuguesa e internacional esteve também presente, assim como vários amigos e veterinários.
O patudo recebeu vários presentes, apesar do dono pedir apenas que os convidados levassem "amor e carinho". Leonel Costa vai presentear Bobi com uma moldura personalizada com a foto do seu cão.
Leonel não quer pensar no funeral de Bobi, mas uma certeza tem: "o corpo não será dado para a ciência, como muitos querem."