Para alertar para o impacto do cancro digestivo em Portugal, a SPG realiza no dia 26 de janeiro, em Lisboa, a Reunião Monotemática, um encontro científico dirigido a especialistas na área da saúde com o intuito de analisar as diversas abordagens terapêuticas para o tratamento destes cinco tipos de cancros digestivo.
“Um terço de todos os cancros do país são do aparelho digestivo”, disse à agência Lusa o hepatologista Rui Tato Marinho, defendendo a importância de consciencializar os portugueses para os fatores de risco destas doenças e para os comportamentos que devem adotar para as prevenir.
O médico afirmou que “o aparecimento do cancro é uma consequência natural do envelhecimento e do comportamento humano”, referindo que muitas vezes começa a gerar-se 30 ou 40 anos antes de aparecer devido a “comportamentos menos bons”, como fumar, beber ou má alimentação.
“Há fatores de risco globais em relação aos cancros, nomeadamente o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, que são fatores de risco, por exemplo, para o cancro do pâncreas”, em que mais 95% dos doentes morrem ao fim de um ano.
O cancro do pâncreas é um dos tumores que tem vindo a aumentar nos últimos anos, com 1.500 novos casos por ano, disse Tato Marinho, frisando que “quase todos os anos aumenta o número de mortos em 50 a 60 portugueses e em alguns países já ultrapassou o cancro da mama”.
“O ser gordo, o ser obeso” também é um fator de risco do cancro do cólon e do reto – a primeira causa de morte por cancro em Portugal, com cerca de 7.000 novos casos e 4.000 mortes por ano -, do cancro do pâncreas e do cancro do fígado, a quinta causa de morte dos portugueses em idades inferiores aos 70 anos.
Para prevenir a doença, os portugueses devem adotar “comportamentos corretos de saúde”, como evitar o excesso de peso, fazer exercício físico, não comer gorduras, doces, não fumar e não beber álcool em excesso, e para "detetar o cancro mais cedo e salvar vidas" devem fazer a colonoscopia a partir dos 50 anos.
Sobre a reunião, Rui Tato Marinho disse que tem também como objetivo mostrar à população o papel dos gastroenterologistas no cancro digestivo e as "práticas modernas" que utilizam no dia-a-dia.
“Habitualmente não somos vistos como especialistas em cancro, nem queremos ser, mas temos um papel muito importante não só no diagnóstico do cancro, como no fim do ciclo do cancro”, disse o especialista.
Uma das práticas que está a ser realizada por estes especialistas são as reuniões com médicos de várias especialidades, que inclui o cirurgião, para analisar os casos de uma doença oncológica sem a pessoas ter que ir a cinco ou seis consultas.
“A pessoa não precisa de ir à consulta, há um médico que leva o seu processo, que depois é analisado por vários médicos” que tomam a decisão sobre o tratamento a fazer, explicou Tato Marinho, comentando que “a ideia de ter o médico sozinho no consultório [com o doente] está a cair em desuso principalmente no cancro”.
Com estas reuniões, além de haver “várias opiniões, que é sempre excelente, tomamos os procedimentos muito mais rápidos. Isto é em prol da melhoria dos cuidados dos doentes que têm a infelicidade de ter cancro”.
LUSA