Em declarações à Lusa a propósito de uma campanha que vai ser lançada na quarta-feira, António Morais lembrou que os sintomas destas doenças “não são muito específicos, nem sintomas que alarmem”, referindo que normalmente aparece tosse e incapacidade para o esforço.
“Inicialmente [esta incapacidade] é ligeira e, por vezes, não é valorizada pelo doente, que muitas vezes é um doente idoso que acha que é normal no decorrer da evolução da sua vida e deixa-se estar até ser francamente notório”, explicou.
O especialista alertou que é importante o doente ir ao médico de família se começar a sentir alguma incapacidade de esforço e tosse que persiste, mas insistiu igualmente em dizer aos médicos de medicina geral e familiar que quando não se encontra relação com doenças mais frequentes “é preciso não ficar por ali”.
O especialista lembra que estes sintomas “podem estar em doenças cardíacas, em doenças respiratórias mais frequentes, como a DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica], mas se [os médicos] procurarem isto e não encontrarem, existem outras possibilidades de hipóteses de diagnóstico que são importantes despistar”.
Lembrou que, além da fibrose pulmonar idopática – a “mais desafiante” e a que tem mais peso no grupo das doenças fibróticas –, há outras que já têm desde há três anos indicação para fazer terapêutica que ajuda a desacelerar a evolução e que é preciso estar atento para que o fármaco seja dado na altura certa.
“Não conseguimos curar a doença, pois não e uma doença curável”, explicou o especialista, insistindo que, no caso das doenças fibróticas que já têm indicação para fazer terapêutica, é importante “introduzir a medicação antifibrótica quando os critérios de progressão da doença ocorrem”.
Por isso, insistiu na importância do diagnóstico precoce, explicando: “como os fármacos atrasam a evolução, quanto mais cedo forem usados mais ganhamos”.
A campanha “Quando respirar é asfixiante”, que será lançada na quarta-feira, quando se assinala o Dia Mundial de Sensibilização para a Fibrose Pulmonar, envolve a Associação Respira, a Fundação Portuguesa do Pulmão e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
Esta iniciativa pretende alertar para a importância do diagnóstico precoce, avisando que a progressão da fibrose é irreversível e que são ainda muitos os casos diagnosticados tardiamente, pois “há doentes que demoram quatro, cinco anos ou mais até conseguirem um diagnóstico exato”.
A fibrose pulmonar é uma doença em que ocorre cicatrização do tecido pulmonar e, como consequência, o cérebro, o coração e os restantes tecidos e órgãos corporais não recebem o oxigénio necessário para o seu correto funcionamento.