“Não posso estar a garantir à frente de câmaras de televisão, antes de uma diligência que ainda não começou, aquilo que vai acontecer lá dentro”, afirmou o advogado Paulo Sá e Cunha, que representa o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), após ser questionado sobre o alegado dinheiro encontrado pela Polícia Judiciária na casa do autarca.
O mandatário do presidente da Câmara do Funchal falava aos jornalistas à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde os três detidos na quarta-feira por suspeitas de corrupção na Madeira começam hoje a ser inquiridos, depois de terem sido identificados na sexta-feira.
Na sexta-feira à noite, a CNN Portugal informou que os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) encontraram 20 mil euros em notas na casa do autarca Pedro Calado, a que se somam outros 10 mil euros escondidos em casa da sua mãe.
Confrontado com essa notícia, o advogado Paulo Sá e Cunha recusou fazer qualquer comentário sobre essa informação, afirmando que é preciso “esclarecer isso tudo”.
“Percebo que vocês tenham interesse público em tratar destes assuntos. O meu papel como advogado é assegurar a defesa do meu constituinte e isso não passa por agora estar a antecipar respostas às vossas perguntas legítimas, ou seja, é tão legítimo vocês terem curiosidade em saber essas coisas como é legítima a minha recusa em responder às perguntas, porque o meu papel não é responder às perguntas”, declarou o mandatário do presidente da Câmara do Funchal.
Sobre o estado de espírito de Pedro Calado, o advogado adiantou que “tem passado a olhar para esta documentação toda, para a prova que vai ter agora de defrontar e a preparar as declarações que vai ter de fazer”, referindo que o seu cliente será o último a prestar declarações.
Antes de Paulo Sá e Cunha, chegou ao tribunal advogado André Navarro de Noronha, que defende o empresário Custódio Correia, um dos três detidos por suspeitas de corrupção na Madeira.
O último a chegar ao tribunal foi o advogado Raul Soares da Veiga, mandatário de Avelino Farinha, um dos empresários detidos.
Questionado sobre se consta do processo que uma das contrapartidas do empresário Avelino Farinha para o presidente da presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi o pagamento de umas férias de luxo, o advogado Raul Soares da Veiga respondeu: “Não sei nada disso, nem isso consta da imputação do Ministério Público”.
Raul Soares da Veiga acrescentou que o empresário Avelino Farinha está “absolutamente confiante”.
Os três detidos na quarta-feira por suspeitas de corrupção na Madeira, entre os quais o presidente da Câmara do Funchal, vão ser hoje ouvidos, a partir das 10:00, ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, mas as medidas de coação só devem ser conhecidas na próxima semana, adiantou à Lusa fonte judicial
As detenções de dois empresários e do autarca do Funchal surgiram na sequência de uma operação que também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e anunciou na sexta-feira que vai abandonar o cargo.
Segundo a Polícia Judiciária, em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
Na manhã de sexta-feira os detidos foram identificados e hoje, durante o interrogatório, vão ser confrontados com o que está no processo.