"Na semana passada, denúncias anónimas ‘online’ levaram a Justiça a atuar junto de quatro câmaras presididas pelo PS na Madeira [Funchal, Porto Moniz, Machico e Ponta do Sol] e de outras entidades, e eu acredito que em causa está uma motivação política”, declarou Paulo Cafôfo, também deputado regional, numa intervenção no plenário da Assembleia Legislativa da região, no período de antes da ordem do dia.
Inspetores da Polícia judiciária (PJ) efetuaram na passada semana buscas em autarquias, confirmadas à agência Lusa pelos municípios do Funchal e da Ponta do Sol.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou terem decorridos diligências para "recolha de prova em autarquias da região", no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público através do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, e no qual se investigam eventuais crimes de participação económica em negócio, corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influências e abuso de poder.
Não ocorreu a constituição de arguidos e o inquérito encontra-se em segredo de justiça, indicou a PGR.
Paulo Cafôfo assegurou hoje no parlamento madeirense ser “defensor da Justiça presente, justa, que atue e que seja célere”, devendo para isso concretizar “todas as diligências necessárias para apurar a verdade de forma rápida”, mas afirmou que o processo visa “atingir o PS/Madeira, em especial a sua liderança e os seus autarcas”.
“É mais um episódio de uma estratégia que tem como principal objetivo assassinar o meu caráter, apagar-me da história política da Madeira e condicionar a minha liderança à frente do PS/Madeira”, sublinhou.
O deputado assumiu que quando entrou na política estava consciente de que “tinha um custo” a pagar, contudo, acrescentou, nunca imaginou que fossem feitas tentativas, “por todos os meios, para alvejar e assassinar” o seu caráter, procurando “silenciá-lo politicamente”.
“Não descansarei enquanto a verdade não for reposta”, afirmou Paulo Cafôfo, assegurando: “Jamais conseguirão apagar-me”.
Sublinhando que a sua motivação são as causas e os princípios – e não os interesses e privilégios -, o parlamentar realçou ser contra “as suspeitas que minem a política e a credibilidade e o caráter de pessoas eleitas para representar a democracia”.
Paulo Cafôfo salientou que sempre defendeu princípios como a “transparência, honestidade, integridade, rigor, solidariedade, respeito pela diversidade”, e lamentou que estes estejam a ser “constantemente postos em causa através de uma estratégia cobarde, inqualificável, populista e demagógica” desde que entrou na política em 2013, “pondo em causa os poderes dominantes na Madeira”.
“São inúmeros os exemplos de campanhas sujas de que fui alvo desde que assumi funções políticas”, destacou, argumentando que “esta tem sido a estratégia preferida de quem está na política para bloquear a democracia e perpetuar interesses, cargos, poderes, o combate político da lama e não das ideias”.
O socialista disse-se alvo de “táticas variadas, desde a mais básica ofensa à criativa criação de verdades, ao instigar do medo e à denúncia anónima”.
“Quero também deixar bastante claro que o PS/Madeira irá até às últimas consequências para denunciar na Justiça quem se esconde no anonimato para fazer política, quem instrumentaliza a Justiça para com isso tirar ganhos políticos”, declarou.
Sem se conformar com “a manutenção de qualquer dúvida” neste processo judicial, o dirigente reiterou que continuará a pugnar para que estas denúncias se tornem, a seu tempo, “o denominado reverso da medalha”.
“Não quero apenas o arquivamento destas imputações e, apesar de não estar indiciado de nada, não vou descansar enquanto não souber quem procurou calar-me e caluniar-me”, acrescentou.
Paulo Cafôfo conquistou a Câmara do Funchal aos sociais-democratas em 2013, como candidato independente numa coligação liderada pelos socialistas.
Votou a ganhar as autárquicas em 2017, mas abandonou depois a presidência do município para se candidatar às eleições legislativas regionais, em 2019, filiando-se depois no PS.
Já este ano, tornou-se líder da estrutura regional do partido.
C/Lusa