Uma nova política britânica de imigração vai retirar aos cidadãos europeus, incluindo portugueses, o direito de "passar à frente na fila" de imigrantes australianos ou indianos, confirmou hoje a primeira-ministra, Theresa May.
Num discurso hoje na conferência anual da organização patronal Confederação da Indústria Britânica, a chefe do governo argumentou que a futura política de imigração britânica a aplicar após o ‘Brexit’ será baseada em competências e não na nacionalidade.
"No futuro já não será possível aos cidadãos da UE, independentemente das competências ou da experiência que têm a oferecer, passarem à frente na fila dos engenheiros de Sydney ou dos programadores de informática de Deli", prometeu May.
O controlo da imigração, vincou, foi uma das pretensões dos eleitores quando 52% votaram a favor da saída da União Europeia no referendo de 2016, alegou a chefe do Governo.
Theresa May voltou a defender o texto que o Governo britânico e os 27 outros países da UE alcançaram na semana passada após um ano e meio de negociações tensas, e que deverá ser aprovado no domingo, num Conselho Europeu extraordinário.
Depois, porém, a primeira-ministra terá de fazer no parlamento um projeto de lei que implementa o acordo e enfrentar um grupo elevado de deputados pró-Brexit do próprio Partido Conservador descontentes com o documento.
Os chamados ‘brexiters’ querem uma rutura clara com o bloco e argumentam que os laços comerciais estreitos estabelecidos no acordo vão tornar o Reino Unido num "Estado vassalo", submisso a regras da UE que não terá o poder de influenciar.
Dois ministros, incluindo o responsável pela pasta do ‘Brexit’, Dominic Raab, demitiram-se em protesto, e muitos deputados tornaram pública a subscrição de uma moção de censura interna à líder do partido, que terá de reunir o apoio de 48 parlamentares.
Num discurso de abertura do evento, o presidente da CBI, John Allan, apelou ao apoio ao governo perante o risco para a economia de uma saída sem acordo: a curto prazo, o Produto Interno Bruto (PIB) poderá contrair 2%, e no longo prazo até 8%.
"O acordo não é perfeito, já sabemos, mas estamos a tentar chegar a um acordo que respeite o resultado do referendo e minimize os danos à nossa economia", disse Allan à audiência de cerca de 1.500 empresários.
O acordo, vincou, "abre o caminho para um acordo comercial de longo prazo e desbloqueia o período de transição, o mínimo que as empresas precisam para se preparem para o ‘Brexit’".
Embora o acordo de saída esteja fechado, Theresa May indicou que as negociações com a UE vão continuar esta semana sobre a declaração política para a relação futura entre o Reino Unido e a UE, que só poderá começar a ser negociada após 29 de março de 2019.
Questionada após o discurso como é que pode convencer as pessoas de que este acordo é positivo quando deputados do próprio partido o disputam, May desafiou: "Não escutem apenas os políticos, escutem o que as empresas têm a dizer, as empresas que vos garantem o emprego e o rendimento que paga a comida que alimenta a família".
LUSA