Dada a importância que os dois países "atribuem à figura de D. Pedro [Pedro I para os brasileiros e D. Pedro IV para os portugueses] no contexto da independência do Brasil, nós iniciámos conversações, preliminares, com o lado português para explorar a possibilidade da transladação temporário do coração do D. Pedro para o Brasil", afirmou em declarações à Lusa o diplomata, que é um dos coordenadores das celebrações do bicentenário, nomeado pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro.
O diplomata esclareceu que foi ele próprio, aquando da sua visita a Portugal, em fevereiro último, que fez os contactos nesse sentido, com a Câmara Municipal do Porto e com a Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, guardiões do coração de D. Pedro, que se encontra na Igreja da Lapa, naquela cidade.
"O contacto foi feito por mim. Quando eu estive em Portugal, estive no Porto, visitei a Câmara Municipal e tive também uma reunião com representantes da irmandade de Nossa Senhora da Lapa", adiantou.
George Prata assegurou, porém, que até agora não há nenhum pedido oficial feito pelo Brasil sobre o assunto, nem contactos oficiais com o Governo português, porque "há considerações" a tomar em conta neste processo, nomeadamente a possibilidade de transladar o coração temporariamente para o Brasil, onde se encontra o corpo do monarca, sem que seja afetada a sua conservação.
"Isso ainda está num estado inicial e há algumas considerações a serem tomadas em conta, talvez a mais importante delas seja o estado de conservação do coração e saber se ele poderia ser transladado temporariamente para o Brasil", sublinhou, acrescentando que é algo que está dependente "de análise técnica".
Assim, "o lado português acolheu com muito boa vontade" a intenção manifestada pelo Brasil, garantiu. Mas o "pedido oficial só será feito depois de se saber que realmente é possível" fazer a trasladação do coração sem o danificar.
"Nenhum de nós gostaria que isso acontecesse”, frisou. Por isso, esta questão “está a ser examinada com muito cuidado”.
“Do lado brasileiro, entendemos a preocupação”, referiu.
Mas, se tal fosse possível, George Prata adiantou que a ideia é que, "em primeiro, o coração vá para Brasília", capital do país, apesar de o corpo do monarca e encontrar na cidade brasileira de São Paulo.
Contudo, não adiantou mais sobre outras programações "porque se não for possível que o coração venha, isso poderá gerar alguma frustração", concluiu.
Lusa