Em declarações à Lusa, Nuno Inácio, da Bolt Portugal, explicou que, neste momento, a Bolt “não tem uma categoria de mobilidade reduzida”, tendo na aplicação, conforme a lei, um link em que se é direcionado para uma página com todas as possibilidades, mas com outras entidades.
“Temos os nossos carros conseguem levar pessoas com mobilidade reduzida, a grande diferença deste lançamento é que, primeiro, vamos dar uma formação aos motoristas e, depois, criar uma categoria de acessibilidade própria em que o utilizador que tem estas limitações tem a certeza que, chamando através desta categoria, vai ter não só um carro, mas um motorista que está preparado para poder transportar com máxima segurança e com toda a formação necessária”, explicou.
De acordo com o responsável, a Bolt, juntamente com a Associação Portuguesa de Deficientes – APD, criaram uma parceria para que esta última desse formação aos motoristas da plataforma, estando já 100 certificados.
Nuno Inácio espera que “mais cerca de quatro mil motoristas fiquem formados” no país todo, já que têm condições, nomeadamente, carro adequado.
“Como nós não somos ‘expert’ na matéria, resolvemos recorrer a uma associação que sabe muito bem quais as dificuldades no dia a dia deste tipo de utilizador”, disse Nuno Inácio, explicando que a parceira com a APD fez os motoristas ter uma formação centrada em vários domínios, como a forma de comunicar e abordar os clientes com mobilidade reduzida, o procedimento com a cadeira de rodas e a entrada do passageiro no carro.
Para já, os 100 motoristas que receberam a formação vão estar em Lisboa, mas no Porto também já há manifestações de interesse.
“Estamos trabalhar para ter início no Porto também e para chegar aos quatro mil motoristas no país todo”, frisou.
Nuno Inácio salientou ainda a ambição de que “todo o serviço seja inclusivo e para todos”, lembrando que tinham vindo a trabalhar no lançamento da categoria mas era necessário escolher “o parceiro certo para ter a formação certa e oferecer um serviço adequado”.
“Não quer dizer que não transportássemos estes clientes, mas o que ocorria e ocorreu, sabemos, é que os motoristas não tinham a formação certa e não prestaram o melhor serviço ao cliente”, reconheceu.
Por seu turno, o secretariado executivo da APD avançou em comunicado que, enquanto Organização Não Governamental na defesa dos direitos das pessoas com deficiência colaborou com a Bolt concebendo conteúdos que abordam os seus direitos, boas práticas na comunicação e interação com os seus passageiros “sempre numa perspetiva de que o tratamento e o serviço deverá ser o mais bem prestado em qualquer circunstância”.
“Não se pretende manter a prerrogativa de ‘vai ter de esperar pelo próximo’, queremos que as soluções existam e sejam antecipadas para que as pessoas com deficiência tenham o mesmo tratamento e usufruam de direitos iguais em condições iguais", referiu o organismo.
A Bolt, a par com a Uber e com a FreeNow, são as três plataformas de Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica (TVDE) a operar em Portugal.
Lusa