O Presidente da Venezuela acusou hoje o "bloqueio económico" imposto pelos Estados Unidos de impedir o país de comprar insulina e alimentos para distribuir às camadas mais pobres da população, a preços bonificados.
Nicolás Maduro acusou o homólogo norte-americano, Donald Trump, e também o presidente do parlamento venezuelano, Júlio Borges, de serem responsáveis pelo bloqueio financeiro contra a Venezuela, tendo por isso pedido às autoridades judiciais que acusem e julguem o parlamentar da oposição por "traição à pátria".
"O banco recetor dos recursos, o Citibank, nega-se a receber os fundos que a Venezuela tem, para a importação de 300 mil doses de insulina. A insulina não pode vir porque estão a congelar os recursos", declarou.
Nicolás Maduro falava num sessão especial da Assembleia Nacional, transmitida em simultâneo e obrigatoriamente pelas rádios e televisões do país, durante a qual sublinhou que a Venezuela tem "amigos no mundo", através dos quais conseguiu comprar insulina.
"Não nos vão deixar sem insulina, apesar (da intervenção) de Júlio Borges e Donald Trump", disse Nicolás Maduro, que responsabilizou o deputado da oposição de ter conseguido o congelamento de nove milhões de caixas de alimentos para distribuir a preços subsidiados a seis milhões de famílias.
Maduro acrescentou que estão também a ser bloqueados os pagamentos de bilhetes de avião, alimentação e alojamento para desportistas venezuelanos no estrangeiro.
"Já ordenei que sejam postos à disposição" dos jovens desportistas venezuelanos "os aviões presidencias para que possam viajar para qualquer competição internacional", frisou.
O Presidente venezuelano acusou Júlio Borges de pedir uma intervenção estrangeira no país, durante a deslocação à Europa, que o levou à Alemanha, a França e ao Reino Unido.
Borges "deve ser julgado pelas leis da República [da Venezuela] e castigado severamente como traidor", afirmou.
Na Venezuela, "não há intocáveis", disse.
Para Maduro, estas dificuldades ocorreram depois de Trump ter proíbido, na ordem executiva de 25 de agosto último, as "negociações com novas emissões de dívida e capital pelo Governo da Venezuela e pela companhia petrolífera estatal".
Há mais de três anos que a Venezuela sofre de uma grave escassez de alimentos básicos e de medicamentos essenciais, o que contribuiu para o agravamento da crise no país.