A reunião na segunda-feira na Sala Oval da Casa Branca realizar-se-á seis décadas após o então Presidente John F. Kennedy e Martin Luther King Jr. se terem reunido no mesmo edifício na manhã da marcha, em 28 de agosto de 1963, em que o ativista fez o seu famoso discurso “I Have a Dream” ("Eu Tenho Um Sonho", em português), em defesa dos direitos dos afroamericanos alvo de exclusão racial.
Biden também discursará na segunda-feira numa receção na Casa Branca em comemoração do 60.º aniversário do Comité de Advogados para os Direitos Civis Garantidos pela Lei, uma organização jurídica apartidária e sem fins lucrativos que foi criada a pedido de Kennedy para ajudar a defender a justiça racial.
Dois funcionários da Casa Branca forneceram detalhes dos planos do Presidente e da vice-presidente Democratas sob condição de anonimato porque as suas agendas não foram anunciadas oficialmente.
Biden regressará a Washington no sábado, após uma semana de férias com a sua família na região de Lake Tahoe, na Califórnia.
A Marcha de 1963 sobre Washington por Emprego e Liberdade ainda é considerada uma das maiores e mais importantes manifestações de justiça racial na história dos Estados Unidos da América.
O protesto não violento atraiu cerca de 250.000 pessoas aos degraus do Lincoln Memorial e proporcionou o impulso para a aprovação pelo Congresso de legislação histórica sobre direitos civis e direitos de voto nos anos que se seguiram.
King viria a ser assassinado em abril de 1968 em Memphis, no Estado do Tennessee.
Líderes afroamericanos da causa dos direitos civis e uma coligação multirracial e interreligiosa de aliados reunir-se-ão no fim de semana em Washington para assinalar seis décadas desde a primeira marcha.
A comemoração deste ano ocorre num momento difícil na história norte-americana, após a erosão dos direitos de voto em todo o país e a recente rejeição da discriminação positiva nas admissões universitárias e no direito ao aborto pelo Supremo Tribunal, mas também num momento de ameaças crescentes de violência política e ódio contra pessoas de cor, judeus e membros da comunidade LGBT (sigla para lésbicas, gays, bissexuais e transgénero).
Funcionários da Casa Branca dizem que Biden e Harris, que procuram a reeleição em 2024, estão a trabalhar arduamente para promover o sonho de King, de oportunidades iguais para todos os norte-americanos. Harris é a primeira mulher de ascendência afroamericana a ser vice-presidente do país.
Biden assinou ordens executivas para promover a justiça racial e a equidade em todo o Governo federal e para expandir o acesso ao direito de voto, mas esta estagnou num Congresso dividido.
O Presidente Democrata designou recentemente um monumento nacional em homenagem a Emmett Till e sua mãe, Mamie Till-Mobley. Adolescente negro de Chicago, Till foi torturado e morto em 1955 depois de ser acusado de assobiar para uma mulher branca no Mississippi. O assassínio ajudou a galvanizar o movimento dos Direitos Civis.
Harris tem falado abertamente sobre o que diz serem tentativas de “extremistas” de reescrever a história afroamericana, incluindo a recente aprovação pelo Conselho de Educação da Florida de um currículo letivo revisto de acordo com legislação assinada pelo governador Ron DeSantis, um candidato presidencial Republicano.
Esses novos padrões incluem a instrução de que as pessoas escravizadas foram beneficiadas pelos conhecimentos que adquiriram enquanto estavam em cativeiro.
Por outro lado, a Casa Branca afirma que os cidadãos negros norte-americanos estão a beneficiar das políticas económicas e sociais de Biden, incluindo o baixo desemprego.
As autoridades observam as inúmeras nomeações para tribunais federais de mulheres negras, incluindo a de Ketanji Brown Jackson para a mais alta instancia judicial, o Supremo.
Também apontam para os quase sete mil milhões de dólares (6,48 mil milhões de euros) em ajuda à rede nacional de faculdades e universidades historicamente negras e os esforços do Governo de Biden para perdoar milhares de milhões de dólares em dívidas de empréstimos estudantis.
Lusa