O centro do ciclone Sitrang deverá atingir a cidade costeira de Khepupara na terça-feira de manhã, de acordo com as previsões meteorológicas, mas os seus efeitos já se começaram a sentir em algumas zonas.
Uma mulher de 40 anos foi morta por um ramo de árvore arrancado pela tempestade na cidade rural de Lohagara, disse um funcionário distrital à agência francesa AFP.
As autoridades alertaram que a tempestade poderá provocar ondas de três metros de altura e inundar uma vasta área ao longo da costa do Bangladesh, onde vivem milhões de pessoas.
“As pessoas estão a ser trazidas para os abrigos desde a manhã [de hoje]. Retirámos 2,4 milhões [de pessoas] durante o ciclone Amphan [em 2020]. Desta vez, estamos a planear deslocar 2,5 milhões”, disse o ministro para a Gestão de Catástrofes, Enamur Rahman, citado pelo jornal Dhaka Tribune.
Rhaman disse que foram preparados 7.300 abrigos nas zonas costeiras.
Pelo menos 250.000 pessoas já tinham sido retiradas dos distritos costeiros para abrigos até hoje à tarde (hora local), disseram dois administradores regionais à AFP.
Dezenas de milhares de voluntários foram mobilizados para ajudar nas operações para deslocar os habitantes para os abrigos, disse um porta-voz do Crescente Vermelho.
Na ilha de Bhashan Char, na Baía de Bengala, onde vivem cerca de 33.000 refugiados rohingya de Myanmar (antiga Birmânia), as autoridades avisaram os residentes para não saírem à rua.
“Os abrigos em Bhashan Char são protegidos por um muro de cinco metros de altura. Mas ainda assim pedimos às pessoas que fiquem nas suas casas”, disse um elemento da segurança da ilha.
As autoridades do Bangladesh também enviaram alimentos secos para os distritos costeiros e reforçaram o pessoal hospitalar nas zonas rurais da região.
O Bangladesh, um país do Sul da Ásia de cerca de 170 milhões de habitantes, tem sido classificado como um dos países mais afetados pelos fenómenos climáticos extremos desde a viragem do século, segundo a ONU.
Na vizinha Índia, milhares de pessoas no estado de Bengala Ocidental foram também deslocadas como precaução e mais de 100 centros de socorro foram abertos, disseram as autoridades.
“Uma equipa especial está a manter uma vigilância de 24 horas na linha costeira do estado”, disse Arup Biswas, um ministro do governo de Bengala Ocidental.
“Foi pedido aos pescadores que não saíssem para o mar. Os serviços de ferry também foram suspensos”, acrescentou.
No ano passado, mais de um milhão de pessoas foram deslocadas ao longo da costa leste da Índia, antes do ciclone Yaas atingir a região com rajadas de vento de 155 quilómetros por hora.
Os cientistas dizem que o aquecimento global é suscetível de tornar os ciclones mais intensos e mais frequentes nos países do Sul da Ásia que fazem fronteira com a Baía de Bengala, mas os procedimentos de evacuação das zonas em perigo também melhoraram graças a previsões mais precisas.
Em 2020, o ciclone Amphan, o segundo “super ciclone” jamais registado na Baía de Bengala, provocou mais de 100 mortos no Bangladesh e na Índia, e afetou vários milhões de pessoas nos dois países.