A interrupção do Microsoft Windows que afetou hoje empresas estrangeiras e hotéis de luxo na China deixou as principais infraestruturas do país, nomeadamente companhias aéreas e bancos, praticamente ilesos, segundo fontes chinesas e publicações nas redes sociais.
Num país que tem apostado numa “autossuficiência” tecnológica, os serviços públicos da China não foram afetados. O portal da Microsoft na China e os canais das redes sociais também não emitiram qualquer aviso de emergência.
Os aeroportos internacionais de Pequim e Xangai estavam a funcionar normalmente, de acordo com os respetivos ‘sites’ oficiais, enquanto durante o dia de hoje muitos aeroportos da região Ásia – Pacífico, de Hong Kong à Austrália, foram afetados por perturbações.
A falha do Windows que resultou num ecrã azul nos computadores afetou, no entanto, as operações de muitas empresas estrangeiras em toda a China.
No Xiaohongshu, rede social chinesa semelhante ao Instagram, vários utilizadores queixaram-se da dificuldade em fazer ‘check-in’ em hotéis de marcas internacionais como Sheraton, Marriott e Hyatt em diferentes cidades do país.
Na rede social Weibo, alguns internautas chineses chegaram a agradecer à Microsoft por lhes ter “dado meio dia de folga”.
Outros afirmaram que como as suas empresas mudaram para o sistema HarmonyOS, do grupo chinês Huawei, não tiveram a mesma sorte.
O impacto mínimo da interrupção da Microsoft na China provou que o país fez progressos no seu objetivo de ter sistemas informáticos “seguros e controláveis”, com reduzida dependência de fornecedores de serviços estrangeiros, como a Microsoft e a empresa de antivírus CrowdStrike, afirmou uma fonte do Governo chinês, citada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.
A China avançou nos últimos anos com uma campanha nos seus departamentos governamentais e nos principais operadores de infraestruturas para substituir equipamento e sistemas estrangeiros por soluções internas.
Na região semi-autónoma chinesa de Hong Kong, no entanto, a Autoridade Aeroportuária informou que, face à falha global dos serviços de computação em nuvem da Microsoft, o mecanismo de resposta de emergência do aeroporto foi ativado para garantir a continuidade dos serviços aos viajantes.
Segundo explicaram as autoridades, devido a esta falha, os ‘sites’ de várias companhias aéreas que operam no aeroporto local não estão a funcionar corretamente, obrigando as companhias aéreas a recorrer à verificação manual para continuar a servir os passageiros.
Os operadores aeroportuários aconselharam os passageiros a “reservar tempo suficiente para se deslocarem ao aeroporto para os procedimentos e a manterem-se atentos às atualizações”.
Os ‘sites’ de várias companhias aéreas que operam de Hong Kong deixaram de funcionar hoje, incluindo o da HK Express, que ficou inacessível.
A companhia aérea pediu aos seus clientes que chegassem ao aeroporto pelo menos três horas antes da partida para dar tempo suficiente para concluir o processo de ‘check-in’ e para consultar o seu portal e os canais das redes sociais para obter as informações mais recentes sobre os voos.
Lusa