Na nota, os movimentos revelam igualmente que prenderam uma faixa com a frase “Palestina Livre” na fachada do edifício, que foi pintada a vermelho.
Com esta ação de protesto, os ativistas solidários com os três movimentos pretendem denunciar o que classificam como “apoio incondicional” de Carlos Moedas a “um projeto colonial que, há mais de 75 anos, tem por base a limpeza étnica do povo palestiniano”.
“As posições e ações do presidente da CML tornam-no e à autarquia cúmplices do genocídio que, há mais de dois meses, o regime israelita leva a cabo na Palestina”, escrevem os ativistas, acrescentando: “Só desde o passado 7 de outubro, mais de 20 mil pessoas palestinianas foram mortas pelo exército sionista, quase 2 milhões ficaram deslocadas, numa clara continuação da Nakba (catástrofe, em árabe)”.
Como exemplo do “apoio incondicional” de Moedas ao Estado israelita apontam o que o autarca escreveu na rede social X (ex-twitter) horas depois de começarem os bombardeamentos: “Lisboa está com Israel e o povo israelita, pela paz e a liberdade.” Lembram igualmente que a 10 de outubro, “um dia depois de o ministro da defesa israelita, Yoav Gallant, ter descrito pessoas palestinianas como ‘animais humanos’” e de ter prometido um cerco total a Gaza, o autarca se juntou à vigília em solidariedade com o estado israelita promovida pelo embaixador Dor Shapira.
Depois de a autarquia ter hasteado a bandeira israelita no Castelo de São Jorge, recordam, Carlos Moedas “acusou (…) a ‘extrema-esquerda’ de ser ‘racista’ e roçar o ´antisemitismo´” e os “partidos de esquerda de defender[em] organizações terroristas que decapitam bebés [e] violam mulheres”.
“Duas alegações ainda sem base credível e sustentada, o que apenas demonstra como o mais alto representante da população de Lisboa está confortável em disseminar desinformação e propaganda sionista”, insistem.
Lembram que, numa entrevista na Sic Noticias, o autarca classificou o Estado israelita como “um país democrático, uma democracia” e recordam que o regime israelita “tem sido denunciado há décadas pelo povo palestiniano como um regime de ‘apartheid’, que institui na lei direitos diferentes tendo em conta a religião ou etnia”. “Esta denúncia foi confirmada e amplificada por relatórios de organizações de direitos humanos internacionais, como a Amnistia Internacional, em 2022, ou a Human Rights Watch, em 2021”, acrescentam.
Dizem igualmente que “o apoio de Carlos Moedas ao regime sionista não é novo” e lembram que, em 2017, quando era comissário na União Europeia, Moedas afirmou, no Parlamento Europeu: “o ecossistema de inovação bem-sucedido de Israel representa uma inspiração e um exemplo altamente relevante a ter em conta no desenho das nossas políticas de investigação e inovação da UE”.
“É sabido que este ´sistema de inovação bem-sucedido’ é construído sobre o sofrimento do povo palestiniano, que serve de cobaia para uma indústria tecnológica de armamento, espionagem, ´segurança´ e não só”, afirmam os ativistas, acrescentando: “Lutamos pelo fim da ocupação da Palestina e a autodeterminação do seu povo. Não assistiremos paradas ao genocídio”.
Lusa