"Atacar civis em campos para onde fogem da violência tornou-se a marca registada terrível da Codeco", (sigla da Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo), disse Thomas Fessy, da Human Rights Watch, num comunicado.
A organização de direitos humanos reviu assim o número inicialmente fornecido pelas autoridades congolesas, que um dia após a noite do ataque estimaram o número de mortos em 41.
A Codeco atacou na manhã de 11 de junho o campo de Lala, na província de Ituri, e matou 23 crianças, 13 mulheres e 10 homens, além de ferir outras oito pessoas, segundo os ddaos avançados hoje pela ONG.
Embora os próprios deslocados e os residentes da cidade vizinha de Lodinga tenham alertado o exército congolês e as tropas da missão de paz das Nações Unidas na RDCongo (MONUSCO) por telefone, estas não intervieram, denunciou a HRW.
"Estes campos devem ser refúgios seguros e não locais de abate", sublinhou Fessy, apelando a que estas forças "façam cumprir o seu mandato de proteção para garantir que os deslocados estão seguros e protegidos".
Tanto a MONUSCO, que alegou não ter o mínimo de dois veículos blindados necessários depois de um deles ter avariado, como o exército congolês, cujos soldados só entraram no campo depois de os atacantes se terem retirado, informaram a Human Rights Watch que iniciaram investigações sobre a reação das suas tropas.
A Codeco invadiu campos de deslocados noutras ocasiões, incluindo um, num dos seus ataques mais mortais, que deixou pelo menos 62 mortos no campo de Plaine Savo (também em Ituri) em fevereiro de 2022.
Alguns dos piores massacres cometidos por este grupo, que representa a comunidade Lendu, podem ter sido atos de represália contra a milícia Frente de Autodefesa Popular Ituri (FPAC-Zaire), que se descreve como um grupo de autodefesa para proteger a comunidade Hema contra os ataques do Codeco.
As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores) têm uma disputa de longa data que levou a milhares de mortes entre 1999 e 2007.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão MONUSCO, com 16.000 soldados no terreno.
Lusa