"Entendo o que o Governo Regional da Madeira está a fazer. Agora, acho que isto é uma questão técnica, científica e deve ser resolvida como tal", disse hoje Miguel Silveira à agência Lusa, comentando a resolução aprovada pela Assembleia Legislativa da Madeira em julho, sobre os limites de vento no Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo.
A resolução exorta a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) a "converter de imediato" os atuais limites de vento para as operações aéreas neste aeroporto, alterando-os de "obrigatórios/mandatórios", com caráter sancionatório, para "recomendações/alertas".
O documento pede ao regulador para "decidir, no prazo de um ano, sobre a revisão dos limites de vento para as operações aéreas naquele aeroporto.
"Nós sabemos que o nosso país sofre tremendamente da intervenção política de forma quase sistemática em processos que não deviam ser políticos", alertou, salientando que aquilo que a Assembleia Legislativa fez "chama-se condicionamento político, mas, também, só se deixa condicionar quem quer".
Miguel Silveira entende, por outro lado, que "ninguém pode condenar o poder político da Madeira” por “querer ver resolvida esta questão", até por concordar que "as limitações que existem têm e devem ser reavaliadas, devem ser revistas, e já é altura de o fazer, e devem ser feitos com muita celeridade".
"Entendo a Região Autónoma da Madeira, mas também entendo a posição do presidente da ANAC, entendo a posição da tutela, entendo os comandantes e entendo a posição dos mais interessados, que são os passageiros que querem voar em segurança e têm direito a isso. É por isso que pagam o preço do bilhete, não é para a refeição ser melhor ou pior", observou.
Miguel Silveira realçou que a posição da APPLA é que o estudo sobre os ventos no Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo devia ser feito por uma entidade independente.
"Sempre achámos, desde o início, que isto era uma coisa que a indústria devia tratar e, depois, levar o estudo à ANAC", que decidiria, então, se devia "tirar os limites, agravar os limites ou manter os limites", disse.
A ANAC “chamou a si essa tarefa, criou um grupo de trabalho e estamos, todos, a trabalhar ao ritmo da ANAC, que é o ritmo de uma entidade Estado", realçou.
Para o presidente da APPLA, a ANAC "tem o seu ‘modus operandi’ que não se coaduna, de forma alguma, em termos de celeridade com as necessidades da Região Autónoma da Madeira no que diz respeito ao assunto em questão".
Os limites à operação do aeroporto da Madeira foram impostos em 1965, devido aos constantes ventos fortes, impedindo que sejam os comandantes a ter a exclusividade na decisão de realizar movimentos.
LUSA