Este projeto é desenvolvido também para assinalar o Ano Internacional do Som, com base no Seabird Macaronesian Sound – LIFE4BEST, lançado pela SPEA e financiado pelo LIFE, um instrumento da União Europeia que apoia projetos de conservação ambiental e da natureza.
A informação divulgada salienta que “os investigadores vão usar os sons produzidos pelas aves marinhas para determinar quantas são e onde estão” nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
A coordenadora Cátia Gouveia disse à agência Lusa que o projeto será desenvolvido a partir deste mês e tem a duração de 14 meses, terminando em julho do próximo ano.
O objetivo é “fazer um ponto de situação das populações de roque-de-castro, painho-de-monteiro, patagarro e pintainho”.
A informação recolhida, segundo a SPEA, é determinante para depois “definir planos de ação para a conservação destas espécies nos arquipélagos dos Açores e da Madeira”.
Cátia Gouveia explicou que estas aves marinhas “fazem colónias em escarpas inacessíveis”, onde dificilmente é possível contá-las, mas o som pode ser ouvido a longa distância: o painho, por exemplo, é audível a 200 metros e um estapagado ou um frulho a 700 metros.
Por isso, “gravando os sons, um investigador experiente consegue estimar quantas aves estão numa colónia, sem as perturbar”, acrescentou.
Os investigadores envolvidos vão recorrer a amplificadores e gravadores para registar os sons das aves, o que vai permitir “verificar que espécies estão presentes”.
Cátia Gouveia referiu que, “com base na frequência dessas vocalizações”, é possível “fazer estimativas do número de aves na colónia”, assegurando que “este método permite estudar as colónias inacessíveis de forma mais rápida, segura e barata”.
A SPEA sublinha a necessidade de treino e experiência dos investigadores para estarem aptos a contar as aves apenas pelo som que produzem, pelo que o Seabirds Macaronesian Sound tem “uma forte componente de capacitação e formação, para que mais técnicos e investigadores fiquem aptos a conduzir este tipo de contagem”.
A coordenador da SPEA salientou que “este método foi utilizado pelo investigador Luís Monteiro nos anos 90 para fazer as únicas estimativas que existem para estas espécies nos Açores”.
“Ao repetir a metodologia, conseguimos atualizar essa informação, para continuar a sua missão de conservar as aves marinhas”, afirmou.
Os investigadores pretendem, inclusive, “obter novos dados relativos às populações de aves marinhas menos comuns” no arquipélago da Madeira.
Para a partilha da informação sobre o progresso do projeto e as aves em causa a SPEA criou o grupo de facebook Aves Marinhas da Macaronésia (www.facebook.com/groups/aves.marinhas.macaronesia.spea/).