Os autarcas e os técnicos ouvidos no parlamento da Madeira sobre as condições de segurança necessárias ao arraial do Monte, onde a queda de uma árvore matou 13 pessoas em 2017, apoiaram a sua realização, mas também deixaram alertas.
A vereadora do Ambiente da Câmara Municipal do Funchal, Idalina Perestrelo, foi quem manifestou mais firmeza perante os deputados da Comissão de Saúde e Assuntos Sociais, ao assegurar que "não existem árvores em risco" no Largo da Fonte, onde ocorreu o acidente, e que "não há qualquer impedimento para não haver arraial este ano".
No decurso das audições parlamentares, realizadas nas duas semanas anteriores ao início das festividades (05 de agosto), todas as entidades, entre técnicos e autarcas, consideraram que estavam reunidas as condições de segurança mínimas para a realização da festa, mas algumas alertaram para a existência árvores em perigo que deveriam ser abatidas.
Foi o caso da presidente da Junta de Freguesia do Monte, Idalina Silva, eleita pelo PSD, que deixou bem claro que na sua "humilde opinião", bem como na "opinião uma parte da população", há ainda duas árvores que deveriam ser cortadas, sublinhando que isso teria um "efeito psicológico positivo" sobre as pessoas.
Posição semelhante foi manifestada pelo geógrafo Raimundo Quintal, antigo vereador do Ambiente da autarquia funchalense, realçando que "o Parque Municipal do Monte não é perigoso, mas algumas árvores deveriam ser cortadas".
No dia 15 de agosto de 2017, um carvalho centenário de grande porte tombou sobre uma multidão que aguardava no Largo da Fonte a passagem da procissão de Nossa Senhora do Monte, a padroeira da Madeira, matando 13 pessoas e ferindo 50, situação que motivou uma intervenção técnica nos jardins ao redor da igreja.
No início de junho, a Câmara Municipal do Funchal, liderada pela coligação Confiança (PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!), indicou que o recinto estava em condições de ser utilizado "sem qualquer tipo de restrição" e vincou que fora levada a cabo uma "avaliação exaustiva" de todas as árvores.
A autarquia referiu, porém, que o lançamento de fogo de artifício e a emissão de som amplificado seriam limitados, uma vez que a vibração provocada por estes elementos ao nível do solo poderá ter influenciado a queda do carvalho em 2017.
Entretanto, no decurso das audições parlamentares, o técnico Pedro Ginja, responsável pela peritagem feita a pedido da autarquia, foi categórico ao afirmar que "as pessoas devem ir ao Largo da Fonte e devem continuar a dar vida ao arraial do Monte".
Por outro lado, ex-diretor regional das Florestas Rocha da Silva, que também esteve envolvido nas peritagens, alertou os deputados para o facto de o Largo da Fonte ter um "histórico" de queda de árvores que reclama "rotinas" e atenções permanentes para que haja segurança.
As festividades em honra da padroeira da Madeira começaram em 05 de agosto e culminam no dia 15, com a realização da missa solene e procissão, onde tradicionalmente participam as autoridades regionais.
LUSA