Dos três acusados neste processo, apenas um se sentou hoje no banco dos réus, visto que o homem de 23 anos (F. Sari), considerado o principal arguido, de acordo com o juiz presidente do coletivo Filipe Câmara, está ausente da Madeira, "não foi notificado, nem prestou termo de identidade e residência".
"De forma a não retardar o julgamento, o tribunal decide proceder à separação de processos" no caso deste arguido, informou.
Quanto à sua companheira de 20 anos, que também faltou "injustificadamente" hoje à audiência, o juiz declarou que "estava devidamente notificada" e aplicou-lhe uma multa, considerando que a sua "presença não é imprescindível para a descoberta dos factos".
Por isso, decidiu começar os trabalhos mesmo na sua ausência.
De acordo com a investigação da Polícia Judiciária e a acusação do Ministério Público, estes jovens, em fevereiro de 2016, engendraram um esquema para introduzir haxixe na Madeira, adquirida no norte do território do continente, utilizando encomendas enviadas pelos correios.
Uma destas encomendas foi apreendida contendo 1.778 gramas de haxixe.
O arguido que começou a ser julgado confessou "em parte" os factos de que vinha acusado, dizendo ao tribunal que o principal acusado lhe havia feito "uma proposta para receber uma encomenda em casa", ato pelo qual receberia 250 euros.
"Aceitei porque estava a precisar de dinheiro porque os meus pais se haviam separado", afirmou, apontando que a "encomenda foi apreendida antes de a ter recebido" e que foi surpreendido com uma rusga em casa.
Sobre a arguida, declarou que "ela sabia de tudo o que se passava porque era a companheira" do alegado autor do esquema, mas que esta "nunca o contactou" sobre este assunto.
"Era tudo derivado do Sari", acrescentou.
O procurador da República adjunto mencionou que este "processo começou com uma denúncia anónima", tendo o arguido respondido que "pensava que a encomenda tinha levantado alguma suspeita nos correios".
Sobre as pequenas quantidades de haxixe que lhe foram apreendidas, afirmou serem para consumo próprio, algo que havia iniciado há cerca de um ano.
O tribunal começou a ouvir as testemunhas arroladas no processo.