A candidata à Presidência da República, Ana Gomes, reiterou no Funchal que o Centro Internacional de Negócios da Madeira/CINM gerou “empregos fraudulentos e de ficção, por empresas de fachada que muitas vezes são veículos de branqueamentos de capitais, ou de esquemas que servem a criminalidade organizada e financeira”.
Depois de ter despoletado a investigação sobre o Centro Internacional de Negócios da Madeira, mostrou-se satisfeita com o resultado do relatório da Comissão Europeia, que dá conta que a Zona Franca da Madeira não terá gerado emprego real e que o Estado deverá devolver ajudas europeias.
Na Madeira para dois dias de pré-campanha, a candidata fez questão de esclarecer que é favorável à existência da praça financeira na Madeira, mas não concorda com “esquemas ilegais que aqui se praticavam à sombra da Zona Franca da Madeira”, sem a criação efetiva de emprego na Região Autónoma e atividade económica gerando lucros na Madeira que, esses sim, poderiam ter benefícios fiscais”.
Depois de uma visita à associação Olho.te, Ana Gomes surpreendeu ao se mostrar “favorável ao CINM, não como o cancro que se tornou devido a esquemas, mas com um sistema de incentivos fiscais que tenha em consideração os condicionamentos de uma região autónoma como a Madeira, desde que sirva para fomentar a atividade económica real”.
Criticando os responsáveis regionais, nomeadamente o Governo PSD, e os nacionais, que permitiram “um desvio de recursos que deveriam estar ao serviço do povo da Madeira e do povo de Portugal”, Ana Gomes disse esperar que o relatório emanado pela UE venha corrigir essas situações, aproveitando o encontro com os jornalistas para acusar ainda quem se aproveitou do CINM para “enriquecer tremendamente à conta de desvio de dinheiro que devia estar ao serviço do povo da Madeira”.
Ana Gomes manifestou ainda o seu “orgulho e honra” por ter chamado a atenção das instâncias europeias para o CINM, em fevereiro de 2017. “Só me indigno e que responsáveis da Madeira, ligados ao PSD, e responsáveis nacionais não tenham reagido antes àquilo que era óbvio”.
Sobre as eleições presidenciais a agora candidata não quis fazer prognósticos relativamente aos resultados eleitorais na Madeira, nas eleições presidenciais, a 24 de janeiro. “Mais do que nunca, é preciso a sensibilidade das mulheres em lugar de poder”. Não se fiando em sondagens, a candidata reconheceu que esta é uma campanha difícil e desigual por causa da pandemia e não só. Criticou a postura do atual presidente da República, que ainda “não sabe se é candidato, mas todos nós sabemos que ele se vai apresentar como candidato, estando apenas a se furtar ao debate e ao escrutínio”.