“Isto revela mais uma vez à comunidade internacional que [o Presidente russo, Vladimir] Putin e o seu regime não têm respeito pelo direito internacional”, disse o porta-voz do Governo alemão, Wolfgang Büchner, numa conferência de imprensa, citado pela agência francesa AFP.
O ataque com mísseis ocorreu cerca de uma hora depois de o antigo primeiro-ministro português ter participado numa conferência com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, quando ainda se encontrava na cidade.
O ataque provocou pelo menos um morto e uma dezena de feridos, segundo as autoridades de Kiev.
A vítima mortal é a jornalista ucraniana Vira Hyrych, da Radio Free Europe/Radio Liberty, cujo corpo foi descoberto hoje nos escombros do edifício onde residia, anunciou a estação radiofónica financiada pelos Estados Unidos.
“Vira Ghyrytch morreu como resultado de um ataque de mísseis russos no edifício residencial de 25 andares” onde vivia perto do centro da cidade, disse a rádio na sua página na Internet, citada pela AFP.
A jornalista trabalhava para a Radio Liberty em Kiev desde 2018, tendo anteriormente trabalhado com várias estações de televisão ucranianas.
A Rússia confirmou hoje ter feito um ataque com armas de alta precisão contra instalações de uma empresa de defesa militar em Kiev.
O exército russo tinha parado de bombardear Kiev e os seus arredores nas últimas semanas, para se concentrar no controlo do leste e sul da Ucrânia.
O ataque de quinta-feira foi condenado por Zelensky, que acusou a Rússia de tentar humilhar as Nações Unidas durante a visita de Guterres.
“Isto diz muito sobre a verdadeira atitude da Rússia em relação às instituições globais, sobre as tentativas das autoridades russas de humilhar a ONU e tudo o que a organização representa”, disse Zelensky num discurso em vídeo à nação, durante a noite, citado pela agência norte-americana AP.
Antes de ter visitado Kiev, Guterres esteve em Moscovo na terça-feira, onde se reuniu com Putin para discutir a guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro, quando invadiu o país vizinho.
Guterres pediu a Putin que coopere com a ONU para permitir a retirada de civis das áreas bombardeadas, nomeadamente os civis que se encontram entrincheirados na fábrica Azovstal, na cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia.
A França também condenou hoje os ataques em Kiev e manifestou solidariedade com o povo ucraniano e com Guterres.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 65.º dia, provocou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que várias fontes, incluindo a ONU, admitem que será muito elevado, bem como mais de 5,3 milhões de refugiados.