O Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD) divulgou hoje o V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2022, que volta a apresentar o álcool como a substância psicoativa mais consumida em Portugal.
Três em cada quatro pessoas (75,8%) entre os 15 e os 74 anos tiveram pelo menos uma experiência de consumo de álcool ao longo da vida.
O valor está próximo dos registados ao longo dos últimos 20 anos, uma série quebrada apenas em 2017, quando a taxa chegou aos 86,4%.
Os investigadores atribuem esse aumento às declarações de consumo feitas pelas mulheres, que dispararam nesse ano.
Voltando a 2022, verifica-se que o consumo de álcool no último ano subiu, desde 2017, de 59,4% para 63,5%, e o consumo no último mês aumentou sete pontos percentuais: de 49,1% para 56,4%, naquele mesmo período.
O estudo mostra também que há mais pessoas a fumar tabaco: “A prevalência do consumo de tabaco aumentou, entre 2017 e 2022, de 48,8% para 51%”.
Se no relatório de 2001 a prevalência era de 40%, o número de pessoas que admitiu ter fumado alguma vez na vida foi aumentando, aproximando nos últimos anos nos 50%, e atingindo agora os 51%.
Também há mais consumidores habituais: A percentagem de pessoas que admite ter fumado no último mês “aumentou ligeiramente em 2022, atingindo 31,9% contra 30,6% no estudo anterior (2017)”, lê-se no relatório.
Já entre as substâncias psicoativas ilícitas, a percentagem de pessoas que diz ter experimentado é de 11,2%, sendo a canábis a mais consumida, com 10,5% dos inquiridos a admitir que já tinham experimentado, dos quais 2,4% tinham usado no último ano e 2% no último mês.
As restantes substâncias apresentam prevalências ao longo da vida de entre 0,9% (cocaína) e 0,2% (novas substâncias psicoativas).
“As prevalências de consumo entre a população geral são superiores entre os inquiridos do sexo masculino independentemente da substância psicoativa considerada, exceção para os medicamentos”, refere o estudo.
No que toca ao consumo de medicamentos, os sedativos, tranquilizantes ou hipnóticos apresentam uma prevalência de 14,2%, enquanto os estimulantes foram consumidos por 1,1% da população e os analgésicos opioides por 7,5%.
Além do consumo de substâncias psicoativas, os investigadores analisaram outros comportamentos de risco, como as práticas de jogos de fortuna e azar e a utilização da Internet.
Quanto aos comportamentos aditivos sem substância, a prevalência da prática de jogos de fortuna ou azar (jogos a dinheiro), que tinha registado uma descida de quase vinte pontos percentuais entre 2012 e 2017, voltou a subir.
“A prevalência de jogos de fortuna ou azar (jogos a dinheiro) é de 55,6% na população residente em Portugal”, quando em 2017 era de 48,1%.
“O jogo do Euromilhões é o que regista a prevalência mais elevada. A prevalência do jogo é mais elevada entre os homens do que entre as mulheres. A prevalência da prática de jogos eletrónicos nos últimos 12 meses é, em 2022, de 8,8% na população residente em Portugal”.
O estudo aponta ainda um aumento do uso da internet: Em 2022, 79,6 % utilizam a Internet, quase mais 20% do que em 2017.
O inquérito foi realizado pelo CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH) para o SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, na sequência dos estudos realizados em 2001, 2007, 2012 e 2017.
Lusa