"Um rapaz de 16 anos foi encontrado sem vida depois das manifestações violentas da noite de segunda-feira, em Taung", disse à France-Presse a porta-voz da polícia sul-africana, Sabata Mokgwabone.
A polícia, que não precisou as circunstâncias em que o jovem morreu, comunicou também que foi aberto um inquérito.
Na semana passada, manifestações eclodiram na província Noroeste, para protestar contra a falta de serviços públicos e denunciar a corrupção.
Os manifestantes exigem a demissão do primeiro-ministro da província, Supra Mahumapelo, um aliado do ex-Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, forçado a demitir-se em fevereiro último por suspeitas de envolvimento em escândalos de corrupção.
Manifestantes e forças de segurança entraram em confrontos na cidade de Mahikeng, capital da província Noroeste, obrigando Cyril Ramaphosa a encurtar a estada em Londres, onde participava na cimeira da Commonwealth.
Na sexta-feira, Ramaphosa prometeu "agir o mais rapidamente possível para encontrar uma resposta para todos os problemas".
Durante o fim de semana, a calma regressou a Mahikeng, mas as manifestações começaram na segunda-feira numa outra cidade do sul da província, Taung.
Os protestos voltaram a colocar frente a frente manifestantes e polícia, que recorreu a gás lacrimogénio e a balas de borracha, de acordo com os órgãos de comunicação social de Taung.
Lojas foram pilhadas e os manifestantes incendiaram edifícios.
Hoje, os manifestantes barraram uma estrada nacional, segundo disse Sabata Mokgwabone.
Os atos de violência urbana, conhecidos como "tumultos para melhorar os serviços públicos", são diários ou quase diários na África do Sul, mas a exigência para a demissão de um presidente provincial é excecional.
"A nossa jovem democracia foi mantida como refém por uma franja egoísta, determinada a acumular o máximo de riqueza possível, enquanto a maioria da população está desempregada", disse o principal partido da oposição, a Aliança Democrática.
As acusações contra Supra Mahumapelo são "múltiplas", acrescentou Mokgwebone, citando a recente concessão de uma bolsa de estudos de um milhão de rands (quase 70.000 euros) ao filho do primeiro-ministro da província, o colapso do sistema de saúde e "a compra de gado para Jacob Zuma".
Quase um quarto de século após o fim oficial do regime do ‘apartheid’, a sociedade sul-africana continua a ser desigual. Em muitos bairros, o acesso à água e eletricidade é escasso e as residências são precárias. O país luta com uma taxa de desemprego recorde de quase 28%.
LUSA