O presidente da RTP, Gonçalo Reis, disse hoje que a empresa está disponível para colaborar com o poder legislativo, executivo, reguladores e operadores privados para encontrar a melhor solução para a televisão digital terrestre (TDT).
O Conselho de Administração da RTP foi hoje ouvido na comissão parlamentar da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito de Plano de Atividades, Investimento e Orçamento para este ano.
"Estamos disponíveis para colaborar com o poder legislativo, com o poder executivo, com os reguladores e com os operadores privados para encontrar as melhores soluções que permitam o desenvolvimento da TDT", afirmou Gonçalo Reis aos jornalistas, no final da audição parlamentar.
"A RTP quer contribuir para o enriquecimento da oferta da TDT" e seguir o "princípio da universalidade", disse.
"A TDT é uma oportunidade para todo o setor audiovisual e para a produção de conteúdos em língua portuguesa, a televisão paga não cumpre essa função", já que a "maioria dos conteúdos são anglo-saxónicos", apontou o gestor.
"É uma oportunidade histórica para promover a indústria nacional de conteúdos", salientou.
Gonçalo Reis elogiou a proposta de lei do Bloco de Esquerda para o alargamento da oferta TDT e sublinhou que o projeto "contém o princípio da orientação de custos, que é um ponto muito relevante que vai ter o seu impacto".
"A TDT tem uma oferta muito pobre em Portugal, nós, como operador de serviço público, devemos contribuir para melhorar a sua oferta, enriquecendo com os nossos canais".
Na audição, Gonçalo Reis tinha afirmado que é tradição da RTP "estar na linha da frente da inovação tecnológica" e que além da RTP3 e RTP Memória, canais que têm sido apontados como aqueles que irão para o sinal aberto, há também a RTP África e a rádio que podem estar disponíveis na TDT.
"A TDT pode transmitir rádio, não é preciso ser grande ‘expert’ técnico para com pouco espetro transmitir canais de rádio na TDT. Vale a pena ler as recomendações do Conselho Europeu sobre o papel central que os operadores públicos devem ter na transição para o digital", disse perante a comissão parlamentar.
Sobre os arquivos da RTP, Gonçalo Reis disse que estão digitalizadas 160 mil horas de arquivos históricos e que a empresa concorreu, pela primeira vez, a um projeto com fundos europeus, com a Cinemateca.
"Conseguimos apoio para digitalizar mais 30.000 horas", disse, admitindo uma "progressiva disponibilização ‘online’" dos arquivos dentro de dois anos, apesar de o desejo ser conseguir isso em março de 2017, altura em que a RTP faz 60 anos.
Por sua vez, a administradora da RTP Cristina Vaz Tomé abordou a questão da empresa não poder contratar e garantiu aos deputados saber quantas pessoas estão em regime de prestação de serviços.
"É algo que também monitorizamos", disse.
A administradora adiantou que está a ser desenvolvido na RTP um código de conduta e ética.
"Contamos ter um ‘draft’ [esboço] na próxima semana, mas mais importante vai ser como fazer chegar às pessoas, dar formação sobre o código de ética", disse.
"Pela primeira vez vamos investir 300 mil euros em formação", afirmou aos deputados, adiantando que será um palno "agressivo".
"Vamos investir muito na formação ‘online’", acrescentou.
Relativamente aos centros regionais dos Açores e da Madeira, "existe pela primeira vez um plano de investimento", disse a administradora.
"Estamos a investir primeiro nos Açores e paulatinamente vamos investir na Madeira", afirmou.
Até 2020, a RTP conta ter "todos os canais a ser emitidos em HD [alta definição]", disse.
Por sua vez, o administrador Nuno Artur Silva disse que a RTP Internacional vai sofrer "uma transformação de imagem mais para o final do ano".
Sobre a produção nacional, o administrador salientou que a RTP está "a fazer mais" do que a lei pede.
Já sobre um canal de conteúdos infantil, Nuno Artur Silva considerou que neste momento não é viável