O Juízo Central Criminal do Funchal iniciou hoje o julgamento de um homem acusado de dois crimes de furto qualificado ocorridos em 2015, nas instalações das direções regionais de Assuntos Fiscais (DRAF) e Assuntos Culturais (DRAC).
Inicialmente foram constituídos dois arguidos, mas um faleceu em janeiro deste ano.
O julgamento começou sem a presença do arguido – Ivo da Silva Teixeira, de 46 anos -, que é acusado de tentativa de arrombamento, sem sucesso, da casa-forte da DRAF, em 29 de maio de 2015, e do cofre da DRAC, em novembro desse ano.
O coletivo de juízes, presidido por Carla Meneses, ouviu diversas testemunhas, nomeadamente a atual diretora regional dos Assuntos Fiscais, Lina Camacho, que na altura estava a chefiar os serviços na ausência do anterior responsável.
"Verificámos que houve arrombamento duma porta virada para a Travessa dos Reis e duas portas no interior", afirmou, explicando que o percurso conduziu diretamente à casa-forte, instalada numa cave.
Lina Camacho disse que no local encontravam-se as ferramentas utilizadas na tentativa de arrombamento, como por exemplo um maçarico, e constatou que a porta do cofre estava danificada.
A testemunha informou também que na altura não havia sistema de alarme instalado na porta da Travessa dos Reis.
No dia do assalto, a casa-forte da DRAF continha 19.796 euros em dinheiro e 485 euros em cheques.
Florivaldo Geadas, um especialista em cofres, foi chamado ao local para fazer uma peritagem e testemunhou em tribunal que as ferramentas usadas denotam "amadorismo completo" por parte dos assaltantes.
Segundo esta testemunha, seria "impossível" concretizar o furto com recurso a um simples maçarico, dada a espessura da porta e o caráter da sua blindagem.
"Podiam tirar férias e ficar lá a tentar abrir que não conseguiriam", realçou.
O arguido Ivo da Silva Teixeira é também acusado de tentativa de arrombamento do cofre da DRAC (atual Direção Regional da Cultura), no dia 1 de novembro de 2015, embora não houvesse qualquer montante em dinheiro no interior, apenas documentos.
João Vasconcelos, responsável pela portaria do edifício, situado no centro do Funchal, explicou que naquele dia o alarme disparou por três vezes, uma de manhã, outra à tarde e, finalmente, à noite, cerca de 20:45.
Um técnico da empresa responsável pelos alarmes, João Gomes, esclareceu, por seu lado, que os dois primeiros disparos foram devidos a sabotagem, ao passo que o terceiro foi por incêndio, o que terá resultado do fumo provocado pela rebarbadora usada na tentativa de arrombar o cofre.
O Tribunal do Funchal ouviu ainda, nesta primeira sessão do julgamento, alguns agentes da PSP que estiveram envolvidos na investigação e na detenção do arguido, que já estava referenciado pelas autoridades e já fora condenado pela prática de outros crimes.
LUSA