“Esta redução do número de doses, previsivelmente, não influencia a data de finais de julho para o atingimento da cobertura vacinal que desejamos. Esse valor foi calculado com uma velocidade de vacinação inferior àquela que recentemente estávamos a conseguir alcançar”, explicou hoje à Lusa Gustavo Tato Borges.
O coordenador da Comissão Especial de Acompanhamento e Combate à Pandemia de covid-19 esclareceu que, este mês, “estão previstas chegar menos doses à Região Autónoma do que em junho, excluindo a Operação Periferia”, que vacinou a população das ilhas sem hospital, adiantando que o Governo Regional está “a trabalhar em parceria com a ‘task force’ nacional para que sejam alocadas mais doses vacinais” aos Açores.
Neste momento, o executivo quer que o processo de vacinação “se mantenha neste ritmo acelerado e de elevada eficiência”, imunizando 70% da população até ao final de julho, “para que, a 15 de agosto, previsivelmente”, se possa “começar a levantar algumas medidas”.
“O objetivo do Governo até é incrementar esta velocidade, para que possamos antecipar, o mais possível, o atingimento desse objetivo de imunização, para que possamos ter um regresso à normalidade e evitar, cada vez mais os casos, as mortes e os internamentos”, prosseguiu o responsável.
Gustavo Tato Borges lembra que, mesmo que não seja feito um reforço, “chegarão cerca de 40 mil doses” à região no início de agosto, que permitirão “continuar a vacinação”, para além da meta dos 70% de população vacinada.
“Temos cerca de 202 mil pessoas para vacinar pessoas, portanto, 70% ainda deixa uma margem para várias pessoas de outras doses que vão chegando”, concretizou o epidemiologista, acrescentando que “há dúvidas, cada vez mais, com o surgimento destas novas variantes, que a cobertura vacinal de 70% seja suficiente para garantir toda a proteção”.
A Direção Regional de Saúde divulgou na sua página da rede social Facebook que, na terça-feira, foi registado “o recorde diário de doses de vacina nos Açores”.
“Com 4.037 doses aplicadas por toda as ilhas, o arquipélago registou ontem o recorde diário desde o início do processo de vacinação, em 31 de dezembro de 2021”, descreveu a Direção Regional.
Gustavo Tato Borges apelou à população que aceite ser imunizada, lembrando que a “vacinação é algo extremamente seguro”, que “os riscos são extremamente reduzidos” e que “a covid-19 provoca alterações vasculares ou tromboembolismos com maior probabilidade do que a vacina e mesmo até quem fuma tabaco, ou mulheres que fumam e tomam a pílula”.
Atualmente, os Açores têm 312 casos positivos ativos de covid-19, sendo 295 em São Miguel, seis na Terceira, cinco no Pico, dois no Faial, dois em São Jorge, um nas Flores e um em Santa Maria.
A variante Delta do vírus SARS-CoV-2, associada à Índia e considerada mais transmissível, é responsável por perto de 90% dos casos de infeção em Portugal e registou um forte incremento no Norte, na Madeira e nos Açores.
Segundo o relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) sobre a diversidade genética do vírus que provoca a covid-19, divulgado na terça-feira, regista-se um "forte incremento" no Norte, onde já representa 71.1% das infeções, na Madeira (85.7%) e nos Açores (64.7%).
Desde o início da pandemia foram diagnosticados nos Açores 6.544 casos de covid-19, tendo recuperado da doença 6.058 pessoas.
Faleceram 34 pessoas, saíram do arquipélago 83 e 57 apresentaram prova de cura anterior.
Desde 31 de dezembro de 2020 e até 30 de junho passado, foram administradas nos Açores 224.012 doses de vacinas contra a covid-19, havendo 124.738 pessoas com, pelo menos, uma dose (51,4% da população) e 99.274 pessoas com vacinação completa (40,9%), no âmbito do Plano Regional de Vacinação.