"A realidade açoriana é baseada na proliferação de empregos precários com baixos salários, mesmo quando envolvem trabalhadores com profissões especializadas e qualificações elevadas. Oito em cada dez empregos criados em termos líquidos não têm vínculo permanente, significando que o emprego criado não é estável nem tem qualidade", sustenta a CGTP.
Num comunicado enviado às redações, a CGTP-IN Açores sublinha que "os últimos anos foram marcados por situações graves de desemprego e o pouco emprego criado é grande parte precário", sobretudo "no setor de serviços e do turismo".
Além disso, a central sindical aponta para uma situação nos Açores de "abundância e diversidade de programas ocupacionais" em que os trabalhadores têm "horários alargados e polivalência de funções, fazendo com que vários postos de trabalho acabem por ser preenchidos por apenas um trabalhador, sem compensação pelo esforço a que é obrigado e com os óbvios efeitos em termos da sua vida pessoal e familiar".
Para a CGTP nos Açores a precariedade laboral "é um vergonhoso atentado aos direitos básicos, um vergonhoso flagelo" na região.
De acordo com a CGTP, há pessoas no arquipélago que "sobrevivem, há anos, neste autêntico carrossel da precariedade", nomeadamente com "contratos temporários sem fim, estágios não remunerados, cursos de formação profissional, estágios profissionais" e integradas em "programas ocupacionais".
"Podemos até dizer que, na prática, atualmente, já quase ninguém contrata trabalhadores. Arranja-se um estagiário ou um desempregado de longa duração, que ficará no lugar apenas uns meses", frisa a CGTP nos Açores.
A solução passa, segundo a central sindical, "incontornavelmente, por inserir no próximo Orçamento Regional para 2021 um plano regional de combate ao trabalho precário açoriano, que incorpore "a passagem a efetivos dos trabalhadores que ocupam postos de trabalho de natureza permanente (com contrato a termo ou a recibo verde), no cumprimento do princípio de que a um posto de trabalho permanente tem de corresponder um vínculo efetivo".
C/Lusa