“Estima-se que cerca de 83 milhões ou 28,9% dos adultos (com idades entre 15 e 64 anos) na União Europeia (UE) tenham consumido drogas ilícitas pelo menos uma vez na vida”, alerta o relatório “Drogas 2021: Tendências e Evoluções”, do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês).
Segundo o documento, 17,4 milhões de jovens adultos entre os 15 e os 34 anos usaram drogas no último ano nos Estados-membros da UE, onde o mercado “abrange uma ampla gama de substâncias”.
A canábis é a droga mais consumida, refere ainda o observatório, ao avançar que a heroína e outros opioides “continuam a ser as drogas mais comummente associadas às formas mais prejudiciais de uso, incluindo a injeção”.
O consumo de droga é geralmente maior entre os homens (50,6 milhões) do que nas mulheres (32,8 milhões), uma diferença que se acentua para padrões de uso mais intensivos ou regulares dessas substâncias.
O documento estima ainda valores mais baixos para o consumo ao longo da vida de cocaína (9,6 milhões de homens e 4,3 milhões de mulheres), de `ecstasy´ (6,8 milhões de homens e 3,5 milhões de mulheres) e anfetaminas (5,9 milhões de homens e 2,7 milhões de mulheres).
Em 2019, havia cerca de 510 mil pessoas em tratamento de substituição de opiáceos na União Europeia, um tipo de substância que esteve relacionada com 76% das overdoses fatais relatadas nesse ano.
De acordo com o EMCDDA, a Europa é um “importante mercado de drogas”, abastecida tanto pela produção dos próprios Estados-membros, como pelo tráfico de outras regiões do mundo.
A América do Sul, a Ásia Ocidental e o Norte da África são áreas de importante fonte de drogas ilícitas que entram na Europa, enquanto a China é um “importante país” de introdução de novas substâncias psicoativas.
Além disso, a Europa também é uma região produtora de canábis para consumo no próprio continente, assim como de drogas sintéticas que são também exportadas para outras partes do mundo.
“Cerca de 1,1 milhões de apreensões foram relatadas em 2019 na Europa, com produtos de canábis mais frequentemente apreendidos”, maioritariamente a pequenos consumidores, adianta o relatório.
O número de apreensões de resina de canábis (−9%) e heroína (−27%) foi menor em 2019 do que em 2009, enquanto as apreensões de cocaína (+27%), anfetaminas (+40%) e canábis herbácea (+72%) aumentaram nesse período de tempo.
Em 2019, os Estados-Membros da UE comunicaram 326.000 apreensões de resina de canábis, correspondentes a 465 toneladas, e 313.000 apreensões de canábis herbácea, num total de 148 toneladas.
De acordo com o relatório, a cocaína continua a ser a segunda droga ilícita mais usada na Europa e a sua procura pelo consumidor faz com que seja uma “parte lucrativa do comércio de drogas na Europa” para os traficantes.
“O recorde de 213 toneladas da droga apreendida em 2019 indica uma expansão da oferta na União Europeia”, aponta o documento, ao considerar que a pureza da cocaína tem aumentado na última década e o número de pessoas que iniciam o tratamento pela primeira vez cresceu nos últimos cinco anos.
Por outro lado, a anfetamina, a segunda droga estimulante mais consumida na Europa depois da cocaína, é produzida em locais perto dos mercados consumidores da União Europeia, principalmente nos Países Baixos, Bélgica e Polónia.
Em 2019, os Estados-membros da UE comunicaram 34 mil apreensões de anfetaminas, no valor de 17 toneladas (8 toneladas em 2018), com a quantidade apreendida a aumentar nos últimos quatro anos.
A Europa continua também a ser uma importante fonte de produtos MDMA que abastecem o mercado global, com o número de laboratórios destas substâncias desmantelados por autoridades policiais na União Europeia a continuar a aumentar.
Com grandes quantidades de heroína apreendidas na Europa em 2018 e 2019, há uma “preocupação crescente com o impacto que uma oferta crescente pode ter nas taxas de consumo”, aponta o relatório.
Segundo o observatório, grandes remessas foram detetadas em 2019 em portos de países europeus, incluindo Bélgica, Países Baixos e Eslovénia, refletindo uma “diversificação do tráfico de heroína para além das rotas terrestres”.
Os Estados-membros da UE comunicaram 26 mil apreensões de heroína no valor de 7,9 toneladas em 2019.