A informação foi avançada pelo diretor do departamento de Vigilância do ECDC, Bruno Ciancio, que durante uma audição por videoconferência na comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu revelou também que todas estas variantes são mais contagiantes do que a estirpe original: mais 36-75% no caso da detetada no Reino Unido, mais 50% na detetada na África do Sul e uma percentagem ainda indeterminada na estirpe vinda do Brasil.
Bruno Ciancio advertiu que os casos já verificados destas três variantes na União Europeia (UE) e Espaço Económico Europeu (EEE) são provavelmente inferiores à sua presença real, devido à limitada sequenciação de amostras positivas realizada pelos Estados-membros.
“É encorajador ver que a capacidade está a aumentar, mas muitos países estão ainda longe de atingir os seus objetivos”, referiu o especialista, aludindo à meta da Comissão Europeia de pelo menos 5% das amostras positivas serem sequenciadas a nível nacional.
De acordo com o especialista, não há para já evidências que mostrem que a variante vinda do Reino Unido cause “problemas em termos de imunidade adquirida através de infeções ou vacinação anteriores”.
E, em relação à inicialmente detetada na África do Sul, o responsável disse que há informações que apontam para uma menor proteção conferida pelos anticorpos já gerados.
Por seu lado, a estripe inicialmente detetada no Brasil pode causar reinfecção em pessoas que já foram infetadas, adiantou Bruno Ciancio.
A estirpe detetada inicialmente no Reino Unido está atualmente presente na maioria dos países europeus, enquanto a estirpe sul-africana está presente em 18 e a brasileira em nove.
Isto significa que a presença destas variantes aumentou nos últimos dias.
Dados enviados pelo ECDC à agência Lusa no início do mês revelavam que, até dia 22 de fevereiro, a variante britânica do SARS-CoV-2 estava presente em 29 países da UE e EEE, num total de 10.700 casos, sendo responsável por mais de metade das infeções totais.
No que toca à variante detetada na África do Sul, também até 22 de fevereiro, tinham sido identificados cerca de 650 casos em 15 países da UE/EEE, de acordo com o ECDC.
E, relativamente à variante detetado no Brasil, tinha sido até essa data identificada em cerca de 50 casos em oito países da UE/EEE.
Em meados de fevereiro, a Comissão Europeia traçou a meta de atingir 5% de sequenciação do genoma dos testes positivos, para ajudar a identificar variantes.