A Organização de Estados Americanos (OEA) denunciou que 16 pessoas foram assassinadas durante as eleições de domingo para a Assembleia Constituinte venezuelana, num "dia de luto" para o país.
"Foi um dia de luto para a Venezuela. Foi um dia de violência e morte, executadas com a crueldade covarde dos ditadores contra o povo. Ontem (domingo) as forças repressivas massacraram o povo (…) 16 pessoas, incluindo menores de idade, foram assassinadas em vários protestos, nas horas em que se desenvolveu o fraudulento processo (da eleição) da Assembleia Constituinte", declarou a OEA.
Num comunicado lido na segunda-feira pelo secretário-geral da organização, Luís Almagro, a OEA sublinhou que "a repressão contra as pessoas foi a mais extrema desde que começaram os protestos" no passado mês de abril.
"Em termos de estimativas eleitorais, é evidente que o Governo está a tentar disfarçar a realidade (…) do que foi um tremendo fracasso. Era sabido que o Conselho Nacional Eleitoral ia anunciar 8,5 milhões de votos (…) o anúncio não deixou dúvidas sobre a total ilegitimidade do processo e a pérfida manipulação do sistema eleitoral e dos resultados", afirmou.
Segundo a OEA, há provas de que "a grande maioria dos centros de votação foram pouco visitados".
"O processo é absolutamente nulo" e foi efetuado à total revelia dos "princípios básicos de transparência, neutralidade e universalidade que devem caraterizar eleições comícios livres e confiáveis", sublinhou
"A uma verificação técnica do padrão eleitoral, da maquinaria eletrónica e do sistema de verificação de resultados foram inexistentes. É impossível que a autoridade eleitoral ofereça resultados confiáveis", garantiu.
A OEA denunciou ainda a existência, no domingo, de um ambiente de repressão e violência, de coação e compra de votos.
Estes fatores refletem "o que a ditadura quer para a Venezuela, um sistema de partido único, entendido como um mecanismo automático de execução da vontade da cúpula dominante, para servir os seus interesses, que reprime e amordaça qualquer opinião contrária, pela via do temor, da imposição e da repressão".
A OEA declarou que não reconhece "a totalidade do processo fraudulento", nem os resultados "anunciados por um tribunal eleitoral que perdeu legitimidade" e que deu várias provas de falta de independência, apoiando o Governo do Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro.
No comunicado, Luís Almagro sublinhou que a OEA alertou as instituições venezuelanas para a violação da Constituição e destruição do sistema institucional, e para a necessidade de medidas para "evitar mais de 100 mortos" registados desde 1 de abril, na sequência de protestos antigovernamentais.
LUSA