As autoridades policiais detiveram, até segunda-feira, 137 pessoas pelo crime de incêndio florestal, mais do dobro do que em 2016, continuando a registar-se várias ignições noturnas, indicou hoje a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
Segundo o comandante operacional nacional, Rui Esteves, na última semana, dos 713 incêndios registados, 232 (23%) tiveram início à noite.
Na semana de 5 a 11 de setembro, registaram-se 713 ocorrências de incêndio florestal que mobilizaram 19.600 meios humanos e 5.104 veículos, sendo os distritos de Castelo Branco e Guarda os distritos com mais área ardida.
O Porto continua a ser o distrito mais fustigado pelas chamas, com 161 ocorrências, seguido de Braga (67) e Aveiro (52).
Globalmente já arderam, desde o início do ano, 209 mil hectares – dados recolhidos no terreno – em contraposição com os 145 mil hectares destruídos em 2016.
Rui Esteves chamou a atenção para o índice meteorológico que se tem feito sentir no verão, nomeadamente para o facto de 58,9% do território estar em seca severa e 37,8% em seca moderada, dados que fazem diferença quando se combatem incêndios.
Segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) fornecidos à ANPC, o verão deste ano é o nono mais quente desde 1931, e é o sétimo mais seco.
"Estes dados são factos e são incontornáveis e é preciso tê-los bem presentes quando temos 137 detidos, um número grande de ocorrências de incêndio e quando temos vento forte que influencia o comportamento dos fogos", disse Rui Esteves, acrescentando que 92% dos incêndios foram resolvidos em ataque inicial, uma melhoria no combate em relação ao ano passado.
Para os próximos dias, o comandante operacional nacional avançou que as temperaturas vão variar entre os 28 e os 32 graus, com vento moderado a forte, humidade relativa do ar próxima dos 30%, mantendo-se o risco de incêndio nas classes de ‘muito elevado’ e ‘máximo’ nos distritos do interior norte e centro e Algarve.
Questionado sobre a possibilidade de prolongar a fase Charlie do combate aos incêndios para depois de 30 de setembro, Rui Esteves disse que "é demasiado cedo para analisar a situação".
LUSA