"Os populismos podem tornar-se perigosos, designadamente, quando apelam a valores de exclusão e de violência, incompatíveis com o ideário dos direitos humanos", alertou.
Ireneu Barreto falava na cerimónia evocativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Palácio de São Lourenço, no Funchal, este com a presença de um número reduzido de convidados e sem a imposição de insígnias das ordens honoríficas nacionais, devido às medidas de contenção da Covid-19.
As comemorações do 10 de Junho estavam previstas para a Região Autónoma da Madeira e África do Sul, mas o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cancelou-as devido à pandemia e optou por fazer em Lisboa uma cerimónia "pequena, simbólica", como no seu entender deveriam ter sido celebrados o 25 de Abril e o 1.º de Maio.
Na Madeira, o representante da República disse que se aproxima um "tempo novo", no qual a educação assume uma importância fulcral.
"Sem ela surge o medo que nos paralisa e que potencia o renascer de populismos e tendências políticas autocráticas", alertou, reforçando: "É fundamental que a nossa sociedade esteja preparada para esse juízo crítico quotidiano, de modo a não ceder facilmente a argumentos aparentemente apelativos, mas erráticos, e tantas vezes baseados em informação falsa."
Ireneu Barreto sublinhou, por outro lado, que a "batalha" contra a Covid-19 "não está vencida", embora a situação na Região se apresente "menos sombria", com apenas 90 casos registados e apenas cinco doentes ativos.
"Teremos de continuar atentos e vigilantes, mas acredito que ultrapassámos a pior fase e é tempo de retomar gradualmente a normalidade", afirmou, vincando, no entanto, que "nem tudo dependerá da Região".
Ireneu Barreto disse que estará "atento, disponível e empenhado" face às reivindicações da Região junto da República no acesso a meios económico-financeiros, sublinhando que, apesar da autonomia da Madeira e dos Açores, "Portugal é um só".
"O princípio da continuidade territorial garante isso mesmo: solidariedade e unidade nacional apesar das milhas marítimas, que não nos separam, apenas nos distanciam", reforçou.
O Representante da República manifestou-se, por outro lado, confiante de que a distribuição das verbas que a União Europeia será orientada por um "critério equitativo" que possa "compensar as diferenças que a nossa situação arquipelágica reclama".
Durante a cerimónia do 10 de Junho, Ireneu Barreto recordou as vítimas mortais da pandemia de Covid-19 – 1.497 em Portugal e quase 408 mil em todo o mundo – e foi cumprido um minuto de silêncio em sua memória.