Questionado sobre as declarações de sexta-feira do presidente russo, Vladimir Putin, que falou em "avanços" nas conversações russo-ucranianas, Zelensky, que falava numa conferência de imprensa em Kiev, disse estar "contente por ter um sinal da Rússia".
Durante as últimas negociações, "começámos a falar" e Moscovo "não faz apenas ultimatos", o que constitui "uma abordagem fundamentalmente diferente", acrescentou.
Segundo Zelensky, nos últimos dois anos, a Ucrânia abordou a Rússia "mais de dez vezes", "sem nunca ter ouvido que o diálogo era possível".
As declarações do Presidente ucraniano ocorrem após uma reunião na quinta-feira dos chefes da diplomacia russa e ucraniana, na Turquia, a primeira a este nível desde o início da invasão russa da Ucrânia. Antes, decorreram três sessões de conversações a nível de delegações, a primeira perto da fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia e as duas outras na fronteira entre Polónia e Bielorrússia.
Estas conversações prosseguem por videoconferência, indicou hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusando dar mais detalhes.
Zelensky, no entanto, lamentou que "os parceiros ocidentais (da Ucrânia) não estejam suficientemente comprometidos" nesta abordagem.
Em termos de garantias de segurança, a "Ucrânia não pode confiar na Rússia após esta guerra sangrenta. Essas garantias de segurança devem ser propostas por outros líderes estrangeiros", considerou.
Nesta conferência de imprensa, o Presidente ucraniano disse que cerca de 1.300 militares ucranianos foram mortos desde o início da ofensiva militar de Moscovo e que a parte russa perdeu 12.000 soldados.
Esta é a primeira vez desde o início do conflito, no passado dia 24 de fevereiro, que as autoridades ucranianas divulgam um balanço das suas baixas.
Em 02 de março, o exército russo tinha indicado que perdera cerca de 500 militares, um balanço que não foi atualizado desde então.
No passado dia 08 de março, após quase duas semanas de conflito, uma estimativa do Pentágono apontava para entre 2.000 e 4.000 mortos do lado russo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.