"É evidente que isto prejudica a direita mundial, bastou ver ontem e hoje que os líderes dos principais partidos da direita europeia tiveram de se vir pronunciar sobre esta situação, demarcando-se dela, e bem", afirmou André Ventura em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.
Depois de já se ter pronunciado no domingo à noite sobre a situação, o presidente do Chega quis voltar a condenar hoje o que se passou, defendendo que "nada dessa revolta" dos apoiantes de Bolsonaro pela vitória de Lula da Silva "justifica atos de violência", e apelou a que a situação "cesse o mais rapidamente possível".
"É evidente que, quando isto acontece, prejudica e não é por serem nossos aliados que não temos que criticar. Isto aqui não é o Partido Comunista, portanto quando fazem mal nós temos que dizer que fizeram mal", afirmou.
Ventura disse esperar "que Jair Bolsonaro e também o Partido Liberal nada tenham que ver com a ocupação dos edifícios que ocorreram ontem" e afirmou ter ouvido, apesar de não saber "o grau de veracidade", que "havia vários infiltrados nessas manifestações de pessoas ligadas ao PT e aos movimentos de Lula da Silva, que teriam provocado estas invasões".
"Tenham sido infiltrados do PT ou apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, é mau para a democracia, é mau para as instituições e o Chega condena isso veementemente", salientou, apontando que situações como esta "dão vasão e fôlego" aqueles que os acusam "de querer subverter o regime democrático".
Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.
A Polícia Militar conseguiu recuperar o controlo das sedes dos três poderes, numa operação de que resultaram pelo menos 300 detidos.
A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios.
Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres terão atuado com negligência e omissão.
Lusa